O ex-senador Luiz Estevão disse neste domingo que o Grupo OK, de sua propriedade, apresentará nesta segunda-feira proposta ao Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo para participar da licitação para concluir a construção do Fórum Trabalhista, caso avalie que o preço base da obra, no valor de R$ 44 milhões, é "compatível" com o custo definido pela empresa para o término do prédio. Mas ele já declarou que dados do edital de licitação serão "matéria-prima" para se defender da acusação de que comandou esquema de desvio de R$ 169,5 milhões da obra do Fórum Trabalhista. Garantiu ainda que sua empresa entrará na disputa para fazer várias obras públicas pelo País. "Não devo nada, nem ao Ministério Público nem a ninguém." A notícia de que o Grupo Ok havia comprado edital de licitação para concluir a obra surpreendeu e irritou ministros do Tribunal Superior do Trabalho (TST), já que o eventual envolvimento da empresa de Luiz Estevão na construção do prédio só serviria para desmoralizar a instituição. O presidente do TST Francisco Fausto, evitou fazer um prejulgamento, mas garantiu que, no processo de licitação, a legalidade e a moralidade serão preservadas. "Nessa licitação serão analisados os aspectos legal e moral, porque o princípio da moralidade está na Carta de 88 (Constituição) como componente dos atos administrativos. Ela será feita com absoluta lisura e qualquer dado que comprometa a lisura do processo será imediatamente rejeitado", afirmou Francisco Fausto. O Ministério Público em São Paulo tem poder para questionar a participação da empresa, citada em processo da 12ª Vara Federal sobre o desvio de recursos públicos, na execução do serviço. Neste caso, um recurso do MP contra o novo envolvimento do Grupo OK na construção do Fórum seria analisado pelo TST. Mas a compra do edital pela empresa não pode ser impedida pela Justiça. Da Alemanha, onde passeava com seus filhos, Luiz Estevão disse que se levar em conta o preço base da obra (R$ 44 milhões) e outros dados do edital poderá questionar os argumentos do MP, que o acusa de envolvimento no esquema de derrame de dinheiro público. "Se R$ 44 milhões representam o custo para construir 20% do prédio, o custo dos 80% já construídos é de R$ 176 milhões e não R$ 69 milhões, como o MP divulgou para tentar provar o superfaturamento", disse Estevão. Depois de ter seu mandato de senador cassado por suspeita de ligação no desvio de R$ 169,5 milhões da obra do Fórum, Estevão acumulou uma vitória na Justiça em relação ao caso. Em junho, a 1ª Vara Federal Criminal de São Paulo o absolveu da acusação de formação de quadrilha, estelionato, corrupção passiva e ativa. Apenas o juiz aposentado Nicolau dos Santos Neto foi condenado por participar do esquema de superfaturamento da obra.