SÃO PAULO - O ex-gerente da Petrobrás Pedro Barusco afirmou em depoimento na Operação Lava Jato que ele e o ex-diretor Renato Duque receberam propina "em mais de 60 contratos" da estatal de 2005 a 2010, segundo reportagem deste sábado, 13, do jornal Folha de S.Paulo. De acordo com a publicação, Barusco disse que houve pagamento a Jorge Zelada, diretor da área internacional até 2012. Duque nega e Zelada não comentou.
Barusco, que afirmou ter recebido indevidamente US$ 97 milhões, declarou que Duque tinha participação ainda maior na divisão do dinheiro desviado. O ex-gerente disse aos investigadores que "quase tudo o que recebeu a título de propina está devolvendo, sendo que gastou para si US$ 1 milhão em viagens e tratamentos médicos".
Renato Duque, ex-diretor de Serviços da estatal, foi preso no mês passado durante a sétima etapa da Operação Lava Jato, mas foi solto dias depois por determinação do Supremo Tribunal Federal. O nome dele não consta entre os 36 denunciados nesta semana pelo Ministério Público Federal, mas a procuradoria vai denunciá-lo em uma etapa futura da força-tarefa que investiga as denúncias de desvios envolvendo contratos da Petrobrás.
Barusco disse ainda, em depoimento, que continuou recebendo propina após deixar a Petrobrás, em 2010. Ele afirmou que houve pagamento quando já atuava na Sete Brasil, contratada pela estatal. Ele também falou que as empreiteiras não eram coagidas a pagar propina. "Na realidade, o pagamento de propinas dentro da Petrobrás era algo 'endêmico' e institucionalizado", afirmou no depoimento, segundo o jornal.
À publicação, a defesa de Duque informou negar "qualquer acusação" e desconhecer "práticas criminosas" cometidas por Barusco ou outro executivo. Zelada foi procurado mas não retornou.
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