Ex-interventor do DF inicia campanha pelo governo ‘morando’ na comunidade Sol Nascente

Pré-candidato ao PSB ao governo da capital federal, Ricardo Cappelli está impulsionando publicações onde mostra ‘nova rotina’ morando em região que carece de infraestrutura básica

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Foto do author Gabriel de Sousa

BRASÍLIA – O ex-interventor federal no Distrito Federal Ricardo Cappelli (PSB) iniciou a pré-campanha para o governo do Distrito Federal tentando atrair votos da população de baixa renda. Desde o início desta semana, Cappelli, que preside a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), está publicando vídeos de sua experiência “morando” por uma semana no Sol Nascente, a maior comunidade urbana da capital federal e a segunda do País.

O presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Cappelli Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

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Cappelli afirmou que faria o deslocamento da comunidade para a ABDI de ônibus, metrô e transporte por aplicativo. A distância do Sol Nascente para a sede da agência presidida por ele é de 30 quilômetros. Segundo o aplicativo Moovit, o tempo percorrido em um coletivo no trajeto é de 1 hora e 20 minutos. O percurso pode demorar mais de duas horas em horários de pico, segundo moradores do local.

“Vou me mudar para o Sol Nascente e vou morar lá por uma semana. Eu decidi também que eu não vou usar carro e motorista, que são estruturas que ajudam na agilidade do trabalho do dia a dia, mas também te isolam muito. Eu decidi que eu vou vir trabalhar no normalmente na ABDI de ônibus, de metrô e de Uber”, afirmou Cappelli.

Com as primeiras moradias instaladas na década de 1990, o Sol Nascente teve um rápido crescimento e possui 70.908 moradores, segundo o Censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A comunidade só é menos populosa que a Rocinha, no Rio. O mesmo levantamento do IBGE atestou que a região apresenta carência de infraestrutura, de médicos em instalações de saúde e de transporte público.

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A experiência dele na comunidade começou neste domingo, 19. Cappelli anunciou que, ao longo de 2025, vai passar entre sete e dez dias em cada mês “morando” nas periferias de Brasília. Segundo o ex-interventor, a intenção dele é “conhecer a realidade concreta” dos moradores de baixa renda do Distrito Federal.

“Vou ficar na casa de amigos, de conhecidos, se você quiser me receber na minha casa também, eu aceito. A gente vai passar esse ano mergulhado e conhecendo a realidade. Trabalhando na ABDI normalmente, mas em contato com as pessoas ouvindo sonhos e desafios do Distrito Federal”, disse Cappelli.

Até o momento, ele publicou vídeos e fotos andando de charrete, visitando feiras comerciais, caminhando em uma rua de terra e cumprimentando moradores.

Num vídeo publicado nesta terça-feira, 20, Cappelli diz que nunca havia visto a parada de ônibus na frente da ABDI. Em outro momento da gravação, ele nota que o veículo segue num rumo diferente do pretendido por ele e afirma que vai andar a pé da Ceilândia (região administrativa vizinha à comunidade) até a “nova moradia”.

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O presidente da ABDI aproveita o “gancho” para dizer que a caminhada feita entre as duas regiões representa a necessidade de “andar até um propósito”.

Cappelli pagou para impulsionar sete postagens no Instagram que mostram a sua estadia na comunidade. Em cinco delas, o custo foi de até R$ 100, segundo a Biblioteca de Anúncios da Meta, administradora da plataforma. Em outras duas, ele gastou entre R$ 101 e R$ 200 – a rede não informa o valor preciso do pagamento.

Não é a primeira vez que Cappelli impulsiona anúncios visando a disputa pelo Palácio do Buriti. No ano passado, ele começou a pagar para que postagens com críticas ao governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), alcancem um público maior.

Além de Cappelli, também é cotada como pré-candidata ao governo do Distrito Federal a vice-governadora, Celina Leão (PP), aliada do atual governador e da senadora Damares Alves (Republicanos-DF). O presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Leandro Grass (PV), e o senador Izalci Lucas (PL) também já manifestaram interesse em disputar o governo. Ambos foram derrotados por Ibaneis em 2022.

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A relação entre Cappelli e o Distrito Federal começou nos atos golpistas de 8 de Janeiro, quando ele foi nomeado por Lula como interventor federal na capital. Ele ficou no cargo desde o dia dos ataques até 31 de janeiro de 2023. Foi o “número dois” do Ministério da Justiça no período em que Flávio Dino, hoje ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), chefiou a pasta. Em outubro do ano passado, o PSB oficializou o nome dele como pré-candidato a governador.

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