Em depoimento à CPI dos Sanguessugas, o ex-ministro da Saúde Saraiva Felipe, deputado reeleito (PMDB-MG), desmentiu o senador Ney Suassuna (PMDB-PB), que está sendo investigado pelo Conselho de Ética do Senado por suspeita de envolvimento na máfia das ambulâncias. Segundo Saraiva, Suassuna "se equivocou" quando disse que conversou com o ex-ministro às vésperas no Natal do ano passado para tratar sobre emendas da saúde. "Ele disse que negociou comigo no dia 23 ou 24 de dezembro do ano passado. Mas deve ter se equivocado em relação a datas, porque entre 23 de dezembro e 3 de janeiro eu estava em recesso de fim de ano. Eu o recebi muitas vezes, mas não nesta data", disse Saraiva. O ministro afirmou que, em oito meses à frente da pasta da Saúde, recebeu "pedidos inviáveis às pencas, alguns até pouco republicanos". Saraiva afirmou ainda que nenhum pedido de Suassuna, que era líder da bancada do PMDB no Senado, foi atendido pelo Ministério da Saúde durante sua gestão, o que causou reclamação da bancada peemedebista. Referindo-se a si próprio, Saraiva afirmou: "O ministro sofreu várias restrições, houve queixas de que o ministro não atendia bem a base, o senador (Suassuna) chegou a reclamar comigo. Não apenas o líder, mas outros parlamentares chegavam dizendo que tinham falado com outras instâncias do governo. Ao final, houve queixas da minha atuação por parte da minha bancada." Saraiva Felipe criticou o loteamento político de cargos importantes nos ministérios. "Sou contra a subordinação absoluta dos ministérios a esquemas políticos. Eu não aceitaria ser chantageado. Em algumas áreas sensíveis do governo, é um absurdo. Se formos por aí, vamos dar com os burros n´água. Trabalhei na reeleição do presidente Lula e espero que não repitamos esses erros", afirmou. Saraiva reconheceu, no entanto, que fez nomeações políticas no ministério, atendendo a pedidos de parlamentares, mas para cargos de menor importância. Uma dessas nomeações feitas por Saraiva e confirmada pelo ex-ministro foi da ex-assessora do Ministério da Saúde Maria da Penha Lina, investigada por suspeita de envolvimento na máfia das ambulâncias. Saraiva negou ter tido qualquer contato com os empresários Darci e Luiz Antônio Vedoin, donos da empresa Planam e comandantes do esquema de pagamento de propina para parlamentares em troca de emendas para venda de ambulâncias. "Não estive com o pai nem com o filho nem com o Espírito Santo", brincou o deputado.
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