O ex-tesoureiro do Instituto Brasileiro de Formação Sindical (Ibes), Wagner Cinchetto, apresentou, em depoimento à Corregedoria-geral da Câmara, cópias de extratos bancários de uma conta corrente aberta no Commercial Bank de Nova York para tentar provar que o deputado Luiz Antônio de Medeiros (PL-SP) usou, de forma irregular, recursos da Força Sindical e do Ibes. Ele também entregou comprovante de um cartão de crédito vinculado ao Commercial Bank, que teria sido utilizado por Medeiros. Segundo Cinchetto, o deputado mentiu ao afirmar, em depoimento à Corregedoria, que não movimentou dinheiro da conta do Commercial Bank cujos titulares seriam o próprio ex-assessor e Medeiros, ex-presidente da Força. "As operações da conta no exterior eram feitas com o consentimento dele", garantiu. Ele também esteve no Ministério Público Federal para encaminhar um dossiê com denúncias sobre supostos desvios de recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) pela Força Sindical. E aproveitou ainda para pedir, ao MP, que seu nome seja incluído no serviço de proteção a testemunhas do Ministério da Justiça, alegando estar sofrendo ameaças de morte. Mentira O corregedor-geral da Câmara, Barbosa Neto (PMDB-GO), pretende cruzar a documentação encaminhada pelo ex-tesoureiro com os dados do sigilo bancário da conta do Commercial Bank que deverão ser enviados ao STF pelas autoridades norte-americanas. Ele fará esse trabalho para saber se Medeiros realmente mentiu ao declarar que não usou dinheiro remetido ao exterior. Caso sejam identificadas provas de que o deputado não falou a verdade em depoimento à Câmara, ele deverá ser alvo de um processo por quebra de decoro parlamentar, que poderá resultar na cassação de seu mandato. Segundo Cinchetto, os extratos bancários da conta no Commercial Bank são endereçados a uma pessoa identificada apenas como ?Sima?, operadora do dinheiro e gerente do Banco Cidade, instituição responsável pela remessa do dinheiro para o exterior. "Esta conta chegou a ter um saldo de cerca de US$ 1 milhão, e parte desses recursos foi usada diretamente por Medeiros para pagamento de diárias de flats e compra de roupas", declarou. Cinchetto disse ainda que o cartão de crédito era vinculado ao Commercial Bank e foi utilizado por Medeiros em uma viagem a Paris. O corregedor informou que vai ouvir ainda o ex-assessor Marcos Cará, o presidente do Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, e a gerente do Banco Cidade, para fundamentar seu parecer sobre a suposta quebra de decoro. Numa reação às acusações, Medeiros garantiu que a documentação apresentada pelo seu ex-subordinado "não comprova nada". "Vou apresentar minha movimentação bancária ao presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), porque quem não deve não teme", disse Medeiros.