Exercício mobiliza no RN 2.500 militares

Brasil, França, Venezuela, Chile e Uruguai participaram da operação

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O Brasil esteve em guerra aérea e, por duas semanas, liderou uma coalizão de defesa regional formada por esquadrões de12 países. A partir da base de Natal, no Rio Grande do Norte, foram realizadas cerca de 650 missões, num total aproximado de 1.050 horas de vôo de combate. A frota de 100 aeronaves e um contingente de 2.500 militares participaram da quarta Operação Cruzeiro do Sul (Cruzex) - efetivamente iniciada no dia 7 e encerrada ontem -, o maior ensaio militar do continente. O principal objetivo do exercício, o treinamento do gerenciamento de uma ação conjunta de forças contra um inimigo comum, "foi um sucesso além do esperado", de acordo com avaliação do coronel Edmilson Leite Guimarães, do Comando da Aeronáutica. Como pilotos de diferentes culturas participam de um conflito aéreo simulado, é necessário haver compatibilização de equipamentos, doutrinas e linguagens diversos. Toda a operação foi realizada com base nas doutrinas adotadas pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Durante o exercício, o idioma oficial foi o inglês. Com esse treinamento, os países esperam estar capacitados a poder enfrentar um inimigo comum, externo, que pretenda atacar a região. Participaram diretamente da operação, com grupos de aeronaves, forças do Brasil, da França, da Venezuela, do Chile e do Uruguai. A FAB empregou pela primeira vez os interceptadores supersônicos Mirage 2000C, adquiridos usados (e revisados) na França. Todos os aviões-radares utilizados também eram brasileiros, os R-99A de alerta avançado e controle fabricados pela Embraer sobre a plataforma do jato de passageiros Emb-145. Estiveram em Natal, como observadores, times da Argentina, da Espanha, dos Estados Unidos, da Colômbia, do Peru, do Paraguai e da Bolívia, atuando com grupos de militares brasileiros do Exército e da Marinha. Os argentinos não puderam mandar seus aviões e integrar os exercícios porque o Congresso não autorizou o envio das aeronaves. A Argentina, no entanto, cedeu o software da guerra simulada nos sistemas da Cruzex 4. Havia mulheres envolvidas em todas as fases do ensaio: de pilotos do caça Supertucano do Brasil às mecânicas do esquadrão da França. A Venezuela de Hugo Chávez, em vez de mandar para a manobra os novos Sukhoi-30, recém-comprados da Rússia e considerados os mais poderosos da América Latina, despachou seus velhos F-16A, de fabricação norte-americana. A França, no entanto, além de deslocar para o Rio Grande do Norte os Mirage 2000/9, agregou à equipe as versões Mirage 2000N, com capacidade para transporte e lançamento de armas nucleares. Nenhum dos caças participantes do programa F-X2, para escolha do modelo que servirá à modernização da FAB, esteve na Cruzex 4. Do total de 2.500 militares, 500 são estrangeiros. A maior parte deles, cerca de 200, veio da Venezuela. A França aparece em segundo, com 50 oficiais e técnicos. A Cruzex simulou um conflito entre o país azul, que reúne as forças de coalização, e o vermelho, expansionista, que invadiu um país vizinho, o amarelo. Os azuis, juntos, recuperaram soberania do território tomado, expulsando os invasores.

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