PF diz que prefeito João do Povo movimentou R$ 26 mi em dois anos

Operação Bricolagem, deflagrada nesta quarta, 21, para desarticular esquema de desvios e fraudes em licitações para construção de escolas na região do Cariri, interior do Ceará, encontrou R$ 213 mil em espécie e até máquina de contar dinheiro na residência de João Gregório Neto (PSD), prefeito de Granjeiro, a 450 quilômetros da capital Fortaleza

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Por Fausto Macedo, Julia Affonso e Paulo Roberto Netto
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Agentes da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União apreendem dinheiro durante operação Bricolagem. Foto: Polícia Federal / Divulgação

 

O prefeito de Granjeiro, João Gregório Neto, o João do Povo. Foto: Justiça Eleitoral

A Polícia Federal encontrou R$ 213 mil em dinheiro vivo na residência do prefeito de Granjeiro, região de Cariri no Ceará, João Gregório Neto, o João do Povo (PSD), de 53 anos. As cédulas estavam estocadas em caixas de sapato, segundo os investigadores da Operação Bricolagem, deflagrada nesta quarta, 21, para desarticular desvios e fraudes em licitações de prefeituras do Cariri. Segundo a PF, o prefeito movimentou em torno de R$ 26 milhões em apenas dois anos na conta de um familiar beneficiário de aposentadoria rural.

Granjeiro tem cerca de 4.500 habitantes e fica localizada a 450 quilômetros da capital Fortaleza.

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A Operação Bricolagem foi deflagrada pela PF em parceria com a Controladoria-Geral da União.

Segundo a Controladoria, empresas e executivos se organizavam para fraudar licitações em municípios cearenses, notoriamente na Região do Cariri.

Foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão em Fortaleza, Granjeiro, Juazeiro do Norte, Aurora, Várzea Alegre e Caririaçu. A ação mobiliza oito auditores da CGU e 60 policiais federais.

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Ninguém foi preso na Operação Bricolagem. O Tribunal Regional Federal da 5.ª Região (TRF-5) não autorizou a custódia de nenhum investigado.

A investigação partiu de denúncia que atribuía ao prefeito João do Povo, eleito pela coligação 'Por um Granjeiro Melhor', a atuação de forma direta e decisiva na execução de obras públicas, 'em acordo com as construtoras contratadas, mediante a devolução de valores pagos àquelas'.

Entre as fraudes levantadas, segundo informou a Controladoria, estão o uso de empresas aparentemente de fachada, cuja participação em licitações servia como espécie de 'cobertura' ao processo de contratação.

Vista de satélite do município de Granjeiro (CE). Foto: Google Maps

Segundo a Controladoria, a intenção era dar aspecto de legalidade a certames já direcionados. "A atuação ocorria em conluio e de forma simultânea em diversas localidades", destacou a Controladoria.

A força-tarefa confirmou, ainda, movimentação financeira anormal de dinheiro em nome dos investigados, com destaque para o recebimento de valores milionários por parte das empresas. Também houve pagamento pela prestação de serviços que não se realizaram, com uso de verbas do Programa Nacional de Transporte Escolar (PNATE).

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A força-tarefa confirmou, ainda, movimentação financeira anormal de dinheiro em nome dos investigados, com destaque para o recebimento de valores milionários por parte das empresas. Também houve pagamento pela prestação de serviços que não se realizaram, com uso de verbas do Programa Nacional de Transporte Escolar (PNATE).

A PF informou, em entrevista transmitida pelo site Miséria, do Ceará, que existem 'indícios muito fortes de fraudes' em licitações para construção de escolas, uma com 12 salas e outra com 6. Segundo a PF, quem executava as obras 'era o próprio prefeito, ele mesmo comprava o material, se encarregava da contratação de pessoal'.

Os investigadores encontraram nos locais das obras trabalhadores sem nenhuma garantia, sem carteira assinada e nenhum equipamento de segurança.

A PF confirmou que na residência do prefeito, além de R$ 213 mil em caixas de sapato, foi apreendida uma máquina de contar dinheiro, veículos, notas fiscais, processos licitatórios e de pagamentos.

COM A PALAVRA, O PREFEITO JOÃO DO POVO

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A reportagem está buscando contato com o prefeito João Gregório Neto, o João do Povo. O espaço está aberto para manifestações.