O presidente Fernando Henrique Cardoso reagiu hoje, em carta ao senador Eduardo Suplicy (PT-SP), às insinuações de que teria visto a lista de quem votou contra e a favor da cassação do ex-senador Luiz Estevão. "Como poderia ter-me mostrado uma lista que ele negara conhecer?", indagou Fernando Henrique, que classificou como "irresponsável" as afirmações de Suplicy de que seria natural que ele tivesse conhecimento dos votos. "Espero que V Excelência, não se aventure a novas suposições sem base, não condizentes com quem se pretende paladino da moral pública", alfinetou o presidente, sem declarar textualmente que não viu a lista. A carta de Fernando Henrique foi enviada em resposta a uma correspondência encaminhada pelo senador petista. Nela, Suplicy afirmava que "seria natural" que ele "tivesse sido informado de todos os acontecimentos", já que o ex-senador José Roberto Arruda era líder de sua confiança até semanas atrás. Para justificar que não teve acesso à lista, Fernando Henrique lembrou que no dia em que Arruda fez o primeiro discurso sobre o caso - quando negou que tivesse lido ou obtido a lista - o senador Arruda lhe disse, diante dos ministros Aloysio Nunes, secretário-geral da Presidência, e Pedro Parente, da Casa Civil, que ele nada tinha a ver com a lista. Na avaliação de Suplicy, essa é uma nova revelação no caso pois Arruda não havia dado essa informação antes. Além do mais, salientou Suplicy, depois de Arruda dizer ao presidente que não viu a lista, ele subiu à tribuna do plenário para se desmentir, confirmando que realmente pediu a ex-diretora do Prodasen, Regina Ferraz, que obtivesse a lista, que ele a leu e a entregou ao então presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães. Suplicy prosseguiu lembrando que o próprio ACM afirmou ontem que teria visto a lista e comentado com o presidente sobre alguns dos nomes da lista. "Portanto, é pertinente que queira que o assunto seja esclarecido", observou. Fernando Henrique responde ainda à sugestão apresentada por Suplicy de que "recomende" ao ministro da Fazenda, Pedro Malan, que em seu depoimento marcado para hoje no Senado, "revele as reais razões do afastamento do ex-presidente do Banco Central Francisco Lopes, incluindo o conteúdo do diálogo ocorrido em 13 de janeiro de 2000, no Palácio do Alvorada, quando teceu elogios à atuação de Lopes, em contraste com declarações à imprensa na semana passada. O presidente, mais uma vez, foi duro na resposta a Suplicy. "Quanto ao ministro Malan, ele dispensa conselhos meus ou seus para ser veraz, pois sempre é", encerrou Fernando Henrique.
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