Eleito em 2022 como a única alternativa capaz de tirar Jair Bolsonaro da presidência da República, o petista Luiz Inácio Lula da Silva recebe hoje uma péssima notícia vinda dos dados do mais recente Datafolha. Os números divulgados nesta sexta-feira, 14, indicam que Lula perdeu apoio, e muito, entre os brasileiros de um modo geral. Mas foi pior do que isso. Sua confiança afinou entre aqueles que disseram ter votado nele na última disputa presidencial.
Para chegar a 2026 em situação confortável e disputar contra quem vier da direita, o petista agora enfrenta um problema interno. Tem um ano para mudar a rota de seu governo. Se a aprovação dos que até dois meses estavam satifeitos com a gestão seguir ladeira abaixo, Lula pode chegar à campanha eleitoral em situação delicada.

Segundo o Datafolha, há dois meses, entre aqueles que votaram em Lula para o terceiro mandato, 66% diziam que o governo estava ótimo ou bom. Agora, esse percentual caiu 20 pontos, sendo que a maioria migrou para avaliar a gestão como regular. Assim, os que hoje veem o governo como reprovável subiu de 27% para 40%. Já os que consideram a administração de fato ruim passaram de 7% para 13%.
Até aqui os números não decretam a falência do governo petista. Há dois meses seus eleitores estavam felizes. Mas a mudança de humores recente serve para tirar o ar de tranquilidade dos rostos no Planalto. Ela ajuda explicar por que Lula colocou um marqueteiro na Secretaria de Comunicação. Ou seja, se a popularidade caiu em dois meses é devido a erros acumulados nesse período, podem pensar os petistas.
A trapalhada envolvendo a ideia da Receita de monitorar o Pix pode ajudar a explicar isso também. Tanto que o governo correu para revogar a medida. Mas tem ainda o mundo real do supermercado. A inflação baixa de janeiro não convence quem ainda acha arroz, café e outros gêneros a preços muito acima do tamanho do bolso. A equação para resolver os cifrões a mais nas gôndolas de alimentos está por ser escrita. Até lá, é peso que puxa a confiança em Lula para baixo.
Enquanto tudo isso não se resolve, o presidente têm à mesa números negativos inéditos para seu currículo de governante. A desaprovação entre quem confiou antes é notícia amarga para político. Mas o cenário é nuvem e Lula ainda tem tempo de fazer diferente e não apenas esperar que chegue 2026 e seu único discurso seja de que precisa impedir a volta da extrema-direita ao poder. O eleitor pode querer ouvir mais do que isso. Se a geladeira estiver esvaziando então, muito mais.