Três funcionários da Fundação Nacional do Índio (Funai) viajaram nesta sexta-feira, 6, para o município de Arame, no interior do Maranhão, a 469 km de São Luís. Eles vão investigar a denúncia de assassinato de uma criança indígena. Segundo informações divulgadas pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), ela faria parte de um grupo de índios isolados, da etnia awá-guajá, e teria sido queimada viva.
Líderes indígenas ouvidos pelo Cimi atribuem o crime a madeireiros que atuam de maneira ilegal nas áreas destinadas aos índios. O assassinato teria ocorrido entre setembro e outubro do ano passado, na Terra Indígena Arariboia.
A Funai classifica como isolados os grupos indígenas que, desde o descobrimento, evitam o convívio com a sociedade nacional e com outros grupos indígenas. Eles sobrevivem da caça, pesca, coleta e agricultura incipiente. Para preservá-los, o Estado brasileiro demarcou várias áreas territoriais, localizadas sobretudo na região Norte.
Na Maranhão, na Terra Arariboia, os awá-guajá estão divididos em três grupos, com um total estimado de 60 indígenas. Dividem o território e convivem à distância com os guajajaras, índios já contatados.
Foram os guajajaras, segundo o Cimi, que localizaram o corpo carbonizado da criança. Ele estava em um acampamento abandonado pelos awá-guajá.
Clovis Tenetehara, um dos líderes ouvidos pelos missionários do Cimi, relatou que costumava ver os awá-guajá durante caçadas na mata. Os contatos desapareceram, porém, logo depois de ter sido localizado um acampamento com sinais de incêndio e os restos mortais de uma criança.
Havia muitos madeireiros circulando pela terra indígena naquela ocasião, segundo os relatos. Acredita-se que o grupo de isolados, num total estimado de 60 indígenas, tenha se dispersado, com medo de novos ataques.