Os funcionários da Light iniciaram greve por tempo indeterminado, em protesto pela demissão de 280 trabalhadores. A paralisação atingiu todos os setores da empresa. Apenas os serviços essenciais funcionaram. De manhã, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Energia do Rio de Janeiro (Sintergia), Aldanir Carlos dos Santos, chegou a afirmar que a greve poderia comprometer o fornecimento de energia em alguns pontos da cidade. No início da tarde, porém, o discurso mudou. A presidente da Associação dos Empregados da Light, Sônia Latge, secretária-geral da Federal Nacional dos Urbanitários, descartou a possibilidade de apagões por causa da paralisação, mas afirmou que o abastecimento de eletricidade poderia ser interrompido caso houvesse algum problema técnico "mais grave" na rede. "Todo o pessoal técnico e engenheiros estão parados. Se houver alguma falha no sistema de distribuição, na carga, aí, sim, os consumidores poderão ser afetados. Mas o clima está bom e isso não vai acontecer. Nosso objetivo não é atingir a população", disse. A maior parte dos 280 demitidos fazia parte do Setor de Redução de Desvio de Energia, que fiscaliza a fraude em medidores residenciais e roubo de eletricidade em via pública, o chamado "gato". Segundo Sônia, a intenção da direção da Light era a de demitir 364 pessoas, mas, na última sexta-feira, a informação vazou e os sindicalistas ocuparam o prédio principal da empresa, na rua Marechal Floriano, no Centro. Nesta manhã, em reunião de uma hora e meia com os sindicalistas, o superintendente de Recursos Humanos da Light, Mário Tavares, e o diretor de Administração, Sebastião Medeiros, apresentaram uma nova lista de demissões, com 280 trabalhadores. Foram prometidss ainda vantagens aos demitidos para amenizar os problemas provocados pela medida, como a manutenção do grupo no plano de saúde da empresa por mais seis meses e o pagamento de dois salários-base por três meses. A proposta patronal não foi aceita pelo Sintergia, que defendia a revogação das demissões. Em nota divulgada no fim da tarde, a direção da Light reafirmou que não pretende suspender as demissões já anunciadas e disse que a medida não tem nada a ver com o racionamento de energia imposto pelo governo federal. No documento, Medeiros esclarece que os preparativos da empresa para enfrentar o período de racionamento não foram prejudicados pela greve e foi mantido o atendimento à população. Segundo o diretor de Administração, apenas cinco das 41 agências foram prejudicadas pela paralisação.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.