Governo vai reforçar propaganda dirigida aos eleitores dos grotões

Campanhas custarão R$ 154 milhões e deverão beneficiar PT e partidos aliados na disputa municipal

PUBLICIDADE

Por João Domingos e BRASÍLIA

Em ano de eleições municipais, o Palácio do Planalto vai reforçar suas campanhas publicitárias dirigidas aos grotões, o que deverá beneficiar o PT e os partidos aliados na disputa pelas prefeituras e Câmaras Municipais. A Presidência da República informou que estão previstos gastos de R$ 154 milhões em campanhas destinadas a mostrar o impacto dos programas do governo federal na vida das pessoas e como esses esforços movimentam o comércio local e impulsionam cadeias produtivas. Entre as campanhas que serão mantidas e reforçadas estão o Bolsa-Família e o Luz para Todos. Além dos R$ 154 milhões destinados à publicidade oficial, o governo terá ainda R$ 20 milhões para propaganda de utilidade pública, conforme dados do orçamento da Presidência para 2008. O Palácio do Planalto informou que, apesar de ser um ano de campanha municipal, o governo federal não terá de se submeter às regras que limitam a propaganda, pois não está envolvido na disputa. Esse valor segue a média de outros anos. A preocupação do governo com a publicidade de efeito local está sintetizada na licitação - que deverá ser concluída em fevereiro - para a escolha de três agências. Como teste de classificação, os concorrentes terão de produzir um filme sobre a importância das obras de transposição do Rio São Francisco, de grande apelo eleitoral no Nordeste. Estatísticas do governo federal de 1998 para cá revelam que quase 60% das verbas publicitárias são destinadas à televisão - o meio com maior penetração popular -, 17% para os jornais, 10% para as rádios e o restante para internet e outdoors. De 2006 para 2007 houve aumento do porcentual destinado à TV e aos jornais e redução para os outdoors. De acordo com a Secretaria de Comunicação do Governo (Secom), isso ocorreu por causa dos Jogos Pan-Americanos e da compra de espaços em filmes, exibição de corridas de Fórmula 1 e telejornais. O aumento da cota dos jornais foi devido à opção por aumentar a publicidade em publicações regionais. Quanto ao quase sumiço da propaganda em outdoors, a explicação é de que há muita restrição dos municípios sobre seu uso. A publicidade da administração direta do governo federal está concentrada na Presidência. Em 2005, foram R$ 303 milhões; em 2006, ano da reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, R$ 337 milhões, conforme dados do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), embora a Secom afirme que foram R$ 240 milhões; em 2007, ainda conforme o Siafi, a soma ficou em R$ 242 milhões. As estatais têm autonomia para a contratação de agências e para fazer suas campanhas, embora precisem prestar contas à Secom. Em 2006, de acordo com os dados oficiais, gastaram R$ 775 milhões. Para este ano, deverão aplicar em propaganda por volta de R$ 850 milhões, embora esses números não sejam ainda oficiais. Somadas as publicidades da administração direta e das estatais, em 2002, último ano do governo de Fernando Henrique Cardoso, foram gastos R$ 761 milhões em propaganda do governo federal, já feita a correção pelo índice IGPM-FGV. Em 2003, primeiro ano de Lula, foram usados R$ 667 milhões. Em 2004, ano de eleição municipal, esse valor pulou para R$ 956 milhões; em 2005, foi quase igual: R$ 962 milhões. Já em 2006, na reeleição de Lula, subiu para R$ 1,015 bilhão. Em 2007, os gastos totais caíram para R$ 965 milhões. Em 2006, os investimentos em mídia do governo federal tiveram aumento de 5,48% em relação a 2005. Conforme a Secom, na parte que cabe às estatais o crescimento foi de 12% das verbas publicitárias - o mercado de publicidade como um todo cresceu 12,3% em 2006, segundo o Ibope Mídia. Ainda conforme a Presidência da República, o crescimento do investimento publicitário do governo federal em 2006 ocorreu basicamente por conta da expansão das verbas administradas por empresas estatais que concorrem no mercado e representam 76,3% do total investido. Entre estas estatais estão a Petrobrás, que neste ano deverá gastar cerca de R$ 220 milhões em propaganda e patrocínio, o Banco do Brasil, com previsão de R$ 180 milhões, e a Caixa Econômica Federal. De acordo com dados do Ibope Mídia, três estatais estão entre os 20 maiores anunciantes: Caixa em 7º lugar, Petrobrás em 9º e Banco do Brasil em 10º.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.