O presidente da comissão de inquérito que investiga a possibilidade de violação do painel eletrônico do Senado, Dirceu Teixeira de Matos, disse hoje que cinco técnicos do Centro de Informática e Processamento de Dados (Prodasen) têm acesso à senha que permite fazer mudanças no software (programa) do sistema. Até o início da semana, as informações da comissão indicavam que apenas quatro profissionais possuíam o código. Matos confirmou o nome de apenas quatro especialistas: os operadores Heitor Ledur, Hélio Ferreira e Nilson Almeida e o diretor da Divisão de Suporte Técnico, Mário Aguiar. Ele ressaltou, no entanto, que ainda não há "elementos" para acusar esses funcionários. "O que sabemos, até agora, é que eles apenas operavam o sistema", declarou. Hoje, os quatros peritos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no interior de São Paulo, começaram a fazer as cópias dos discos rígidos que contêm os programas e os arquivos de dados das votações. A equipe da Unicamp, contratada pelo Senado para apurar a possibilidade de violação do painel, vai comparar o software original com o programa que era usado pelo Prodasen para as votações. O material será levado para a Unicamp a fim de que seja iniciada a análise. Segundo o chefe da equipe, o técnico Álvaro Crosta, o objetivo do trabalho é verificar se foi produzido um software pirata visando à modificação do sistema para identificar os votos dos senadores no dia da sessão secreta de 28 de junho, quando foi cassado o mandato do ex-senador Luiz Estevão (PMDB-DF). Ele avalia que o responsável pela suposta alteração do programa tenha deixado "vestígio". "É difícil que a pessoa que fez o serviço não tenha deixado rastros", disse Crosta. De acordo com Matos, sete funcionários foram ouvidos pela comissão e confirmaram que o software original não permite a identificação do voto do senador. Essa apuração está sendo feita com base na reportagem da revista "IstoÉ" na qual o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) teria dito saber quem votou contra e a favor de Estevão.