Os principais líderes do DEM não aceitam que, para solucionar pendências regionais, os tucanos se aproximem do PMDB em detrimento dos democratas, em alguns Estados. O senador Heráclito Fortes (DEM-PI) diz que há uma pressa desnecessária nas questões estaduais. "Temos de jogar num quadro de confiança", afirma. Heráclito aposta que "o esgarçamento do PMDB com o governo será cada vez mais veloz" e os tucanos vão tentar se beneficiar da situação, mas não a ponto de prejudicar a aliança com o DEM. Para o deputado tucano Arnaldo Madeira (SP), PSDB e DEM "têm consciência de que precisam um do outro, mutuamente". E acrescenta, usando um exemplo do momento: "Tal como a Sadia precisa da Perdigão." Muitas das trombadas entre os dois partidos, acredita Madeira, ocorrem mais por razões pessoais do que políticas. "Às vezes, as questões ficam mais presas a figuras individuais, a personalidades, do que ao debate temático", afirma, reconhecendo que o fenômeno é muito comum em seu partido. Um dirigente tucano concorda e aponta a briga de egos no PSDB como causadora de alguns atritos que acabam atingindo integrantes do partido aliado. Cita a recente briga no Senado, quando Tasso Jereissati (CE) e Álvaro Dias (PR) agiram à revelia do líder Arthur Virgílio (AM), no caso da CPI da Petrobrás. Na Câmara, isso também ocorre: um grupo de tucanos se recusa a aceitar a liderança de Aníbal. Os democratas costumam se gabar de ser mais coesos, pelo menos na aparência. Já os tucanos reclamam que o DEM faz exigências demais. É a prova de que os altos e baixos não vão acabar, pelo menos até que sejam fechadas as alianças estaduais.
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