Hugo Motta é eleito presidente da Câmara com apoio de governistas e opositores

Com o respaldo público do atual presidente da Câmara, Arthur Lira , além de apoio do governo e da oposição, deputado foi eleito neste sábado, 1.º, para comandar a Casa até 2027. Aos 35 anos, o político paraibano teve 444 votos

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Atualização:

BRASÍLIA – O deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), de 35 anos, foi eleito presidente da Câmara dos Deputados neste sábado, 1.º. O paraibano terá um mandato até 2027 e poderá disputar a reeleição. Ele sucede a Arthur Lira (PP-AL), 55, que deixa a função depois de quatro anos.

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Motta recebeu 444 votos na eleição, 87% dos 513 membros da Câmara. A alta adesão se deu graças a um acordo de apoio a Motta que contou com 18 partidos, do PT ao PL (veja ao fim da matéria a lista completa).

Ele derrotou dois adversários: os deputados Marcel Van Hattem (Novo-RS), com 31 votos, e Henrique Vieira (PSOL-RJ), com 22. Houve dois votos em branco. No total, foram 499 votantes. As escolhas se dão de forma secreta.

O deputado Hugo Motta mostra exemplar da Constituição Federal em alusão ao gesto de Ulysses Guimarães na promulgação da Carta de 1988 Foto: Wilton Junior/Estadão

A votação foi expressiva, mas não chegou a superar o número de apoios que reconduziu Arthur Lira à presidência. Em 2023, o político alagoano recebeu 464 votos, um recorde na história da Casa. Antes, Ibsen Pinheiro (MDB), em 1991, e João Paulo Cunha (PT), em 2003 foram eleitos com voto de 434 deputados e deputadas.

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Eleito primeiro-vice-presidente da Câmara, Altineu Côrtes (PL-RJ) ligou para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para falar com Hugo Motta no plenário da Câmara. Bolsonaro o parabenizou pelo resultado.

Também ligou para congratular o novo presidente da Câmara pouco após o resultado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo ministros do governo. Motta, porém, disse que não atendeu porque recebeu a chamada enquanto discursava.

Segundo parlamentares governistas, Lula ligará para Motta na manhã deste domingo, 2.

Em discurso antes da votação, Motta disse aos demais deputados que quer dar mais previsibilidade à agenda da Casa e que pretende promover um maior alinhamento com o Senado. O foco de seu discurso foi dizer aos colegas e eleitores que não se colocará contra a vontade da maioria da Câmara caso seja eleito para a presidência. Também disse querer uma “Câmara forte”.

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“A garantia das prerrogativas parlamentares é essencial para o fortalecimento do povo, pois cada um de nós está diretamente relacionado aos anseios daqueles que nos deram o voto”, disse, em seu último discurso antes da votação.

O novo presidente da Câmara, Hugo Motta, e o antecessor, Arthur Lira Foto: Wilton Junior/Estadão

O deputado paraibano disse que nunca haverá unanimidade na Casa, mas que suas decisões não serão pessoais. “Ninguém navega o mar, mas no máximo o navio. E o navio nunca pode navegar contra as ondas do mar”, disse. “Quero ser um elo forte na corrente. Um elo forte, mas a consciência de ser apenas um elo.”

Nascido em João Pessoa (PB), o novo presidente da Câmara é médico e vem de uma família de políticos tradicionais do sertão paraibano. Seu pai, Nabor Wanderley Filho (Republicanos), foi reeleito prefeito do município de Patos (PB), reduto eleitoral de Motta. O avô paterno do parlamentar Nabor Wanderley também foi prefeito da cidade nos anos 1950. Pelo lado materno, o avô Edivaldo Motta foi deputado federal e a avó Francisca Motta foi deputada estadual e prefeita de Patos em 2013.

Respaldo de Lira e apoio de Lula consolidou candidatura de Motta

Motta está no quarto mandato de deputado federal. Ele iniciou sua trajetória na Câmara aos 21 anos, pelo PMDB. Agora está no Republicanos, legenda presidida pelo deputado Marcos Pereira (SP), bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, e também a legenda do governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

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Em sua trajetória na Câmara, Motta ocupou postos de destaque. Foi presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou a Petrobras, em 2015. Também foi o relator do projeto conhecido como “Orçamento de Guerra” – mecanismo criado para suportar os gastos relacionados à pandemia de covid-19 – em 2020 e da PEC que autorizou o governo de Jair Bolsonaro a limitar os pagamentos de precatórios, em 2021.

Sua ascensão nos primeiros anos de Câmara se deu em parte à proximidade com Eduardo Cunha, que presidiu a Casa de 2015 a 2016. Cunha foi cassado e chegou a ser preso pouco tempo depois.

A candidatura de Hugo Motta à presidência da Câmara foi lançada por Lira em outubro do ano passado. O anúncio contrariou expectativas de que o candidato da continuidade seria o líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA). Com a movimentação dos partidos em torno de Motta, Elmar desistiu da candidatura, assim como o líder do PSD, Antonio Brito (BA).

A manobra de Lira foi precedida por movimentos de Marcos Pereira. O presidente do Republicanos queria ele mesmo concorrer ao comando da Câmara, mas viu sua candidatura inviabilizada. Decidiu apoiar Hugo Motta e buscou a bênção do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O petista consentiu, o nome de Motta ganhou força e o apoio de Lira praticamente sacramentou a eleição ainda em outubro de 2024.

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Durante a sua campanha, Motta prometeu prezar pelo diálogo e defendeu o “fortalecimento do Poder Legislativo”. Dentre as pautas mais polêmicas que dependem de sua decisão, está o projeto que concede anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023, que está parado em uma comissão especial. Motta não disse ser favorável à proposta, já que o PT é contrário, mas já falou que vê “condenações acima do que seria justo”.

O agora presidente da Câmara também deve dar rumo à proposta do governo sobre a regulação das redes sociais e sobre as novas etapas de regulamentação da reforma tributária.

Para deputados e consultores ouvidos pelo Estadão/Broadcast, Motta entra no cargo sob a condição de cumprir acordos já definidos por Lira, sobretudo em relação ao orçamento deste ano, que ainda depende de aprovação no Congresso Nacional.

Segundo essas avaliações, num primeiro momento, Motta terá menos poderes que Lira. Porém, à medida que avancem as negociações sobre o Orçamento do ano que vem, o deputado do Republicanos ganhará mais protagonismo. Deputados governistas dizem ver em Motta maior estabilidade na relação entre a Câmara e o Palácio do Planalto.

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Veja os 18 partidos que apoiaram Motta, em ordem de tamanho de bancada:

  • PL - 92 deputados;
  • PT - 67 deputados;
  • União Brasil - 59 deputados;
  • PP - 50 deputados;
  • PSD - 44 deputados;
  • Republicanos - 44 deputados;
  • MDB - 44 deputados;
  • PDT - 18 deputados;
  • PSB - 15 deputados;
  • Podemos - 14 deputados;
  • PSDB - 13 deputados;
  • PCdoB - 8 deputados;
  • Avante - 7 deputados;
  • PRD - 5 deputados;
  • Solidariedade - 5 deputados;
  • PV - 5 deputados;
  • Cidadania - 4 deputados;
  • Rede Sustentabilidade - 1 deputado.

O número de deputados não necessariamente reflete quantos eleitores Hugo Motta teve em cada partido. Dissidências são comuns e, como o voto é secreto, não é possível saber com certeza quem apoiou quem.

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