O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB) afirmou que não pretende pautar um pedido de impeachment do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por suposta pedalada fiscal no programa Pé-de-Meia. “Não está nosso horizonte movimentos de trazer instabilidade ao País”, disse durante entrevista à rádio Arapuan FM, de João Pessoa, nesta sexta-feira, 7.
Na terça-feira, 4, Hugo Motta também mencionou o tópico, explicando por que pretende evitá-lo. “Esses problemas acabam crescendo, se avolumando, e isso não é bom para o País. Vamos atuar sempre em favor da estabilidade, de matérias que não venham a trazer algum tipo de estremecimento nas relações entre os Poderes”, disse.

Deputados de oposição estão articulando um pedido de impeachment contra o presidente Lula, alegando que o petista cometeu crime de responsabilidade na execução irregular do programa destinado a custear bolsas para estudantes do ensino médio. A iniciativa ganhou tração depois da decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) de bloquear verbas do programa.
A tensão entre os Três Poderes é uma preocupação do recém-eleito líder da Câmara. Ele já afirmou que vai abordar com “serenidade” pautas que possam abalar o relacionamento com o Judiciário e com o Executivo, tais como a possibilidade de anistia aos presos do 8 de Janeiro.
Sobre as eleições de 2026, Motta mencionou Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como líderes, num cenário ainda polarizado e apertado, e ressaltou que não enxerga, no presente, lideranças que possam “furar” essa polarização nas urnas. Ele também afirmou ter dúvidas se o capitão reformado, atualmente inelegível, poderá disputar o pleito ou se apoiará alguém.
O presidente também adiantou que pretende colocar a pauta da segurança pública na ordem do dia, endurecendo penas para os crimes. “O parlamento precisa entender que precisamos tratar como uma questão de Estado ou nós vamos em cinco, dez, 15 anos, presenciar um Brasil dominado por facções”, disse.
Em relação às emendas parlamentares, que vem gerando atritos entre o Legislativo e o Supremo Tribunal Federal (STF), sobretudo o ministro Flávio Dino, Motta pontua que a Casa não abre mão de liberar emendas.
“Hoje, o Poder mais transparente é o nosso. Não tenho receio de dizer isso. Essa transferência não pode ser relativa apenas ao Poder Legislativo. Nós somos mais fracos que o Judiciário ou Executivo?”, disse. “Somos iguais. Independentes. Transparência para todos é o que a sociedade pede.”