BRASÍLIA – Os servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai) decidiram em assembleia na tarde desta segunda-feira, 13, pela realização de uma paralisação de 24 horas a partir das 9h desta terça, dia 14. Para evitar a que as atividades sejam suspensas, os indigenistas pedem que o presidente da Funai, o delegado da Polícia Federal Marcelo Xavier, retire declarações feitas contra o indigenista Bruno Pereira. Servidor licenciado da Funai, Ribeiro está desaparecido desde a manhã do domingo passado, dia 5, na região do Vale do Javari, no extremo oeste do Estado do Amazonas. Ele estava acompanhado do jornalista britânico Dom Phillips.
A deflagração da greve foi decidida pelas principais entidades que representam os servidores da Funai: a Indigenistas Associados (INA); a Associação Nacional dos Servidores da Funai (Ansef); o Sindicato dos Servidores Públicos do Distrito Federal (Sindsep); e a Confederação dos Trabalhadores no serviço Público Federal (Condsef).
Além da retratação, os indigenistas querem que o governo federal garanta a segurança de seus servidores, enviando agentes de segurança para as bases remotas do órgão junto às comunidades indígenas no Vale do Javari; e o reforço destas bases com o envio de uma força-tarefa para a região.
Nos últimos dias, o presidente da Funai, Marcelo Xavier, passou a dizer em entrevistas que Bruno Pereira não tinha as autorizações necessárias para entrar em terras indígenas como a do Vale do Javari – na verdade, Bruno pediu autorização à Coordenação Regional da Funai na região, seguindo as diretrizes do próprio órgão.
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Na última sexta-feira, dia 10, a Funai chegou a publicar nota oficial dizendo que Bruno não tinha autorização adequada para visitar o local acompanhado do jornalista britânico. “No caso do indigenista, foi emitida autorização em âmbito regional para que o indigenista ingressasse em terra indígena, com vencimento em 31/05/2022, sem o conhecimento dos setores competentes na Sede da Funai, em Brasília, o que será apurado internamente”, diz o texto da Fundação.
Para evitar a deflagração da greve, os indigenistas querem que Marcelo Xavier se retrate publicamente “pela difamação e pelas inverdades presentes em suas declarações públicas acerca do caso de desaparecimento de Bruno Pereira e Dom Phillips”. A retratação pedida “deve admitir os equívocos de falsas argumentações sem nenhum embasamento legal dentro da política indigenista brasileira”.
Indigenista e jornalista estão desaparecidos
Em nota, os indigenistas dizem ainda que não há qualquer iniciativa para auxiliar os servidores que trabalham nas bases do Vale do Javari e nem para garantir a segurança deles. “Ressalta-se que se passaram mais de uma semana desde o desaparecimento do servidor Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips e tais medidas urgentes não foram sequer iniciadas”, diz um trecho.