A Câmara de Deputados acaba de aprovar uma lei que elimina, ou reduz muito, um dos mais perniciosos entraves ao progresso econômico, ao investimento e à criação de empregos na área de energia jamais criados pelo estatismo brasileiro – o atual sistema de exploração e transporte de gás. Foi uma surra: 351 votos contra 101 em favor das novas regras, o que atesta a capacidade e a disposição da maioria dos deputados em fornecer ao Brasil, quando resolvem pensar no interesse comum, condições essenciais para o funcionamento de uma economia mais livre, racional e eficaz. Na sua essência, a “Lei do Gás” abre o setor para iniciativa privada, que a partir de agora terá oportunidade de fazer o que o Estado não fez. Nem é preciso dizer quem votou contra: o PT e as suas gambiarras naquilo que chamam de “campo progressista”, como já haviam feito na reforma da Previdência e da recém-aprovada lei do saneamento básico. Mais uma vez, no caso do gás, a esquerda votou 100% a favor dos interesses de quem se beneficia das empresas estatais e contra o cidadão comum.
Contem com o PT e com os partidinhos que mantém a seu serviço na hora de votar a favor de aberrações como os “fundos” partidário e eleitoral, através dos quais se transfere renda do público diretamente para o bolso privado dos políticos. Aí a esquerda não falha nunca: é unanimidade contra o Erário, em qualquer condição. É atraso? Somos a favor. É progresso? Somos contra. Suas seguidas derrotas nas votações em plenário – não ganhou uma, desde a diplomação dos atuais senadores e deputados – mostram, além disso, que para o bem de todos e a felicidade geral da nação, a esquerda nacional é hoje irrelevante em termos práticos. Na mídia, parece ter uma força prodigiosa. Na vida real, não decide nada. Todas as suas esperanças se resumem no momento ao STF: é para quem pedem socorro a cada vez que perdem uma votação no Congresso. Não dá para ganhar no voto? Então peça-se ao Supremo para anular a lei que foi aprovada. O que o PT-PSOL-etc. não querem é sempre inconstitucional.
A atual situação da área do gás é um monumento à visão que a esquerda brasileira tem da economia. Como no caso do saneamento, onde o monopólio estatal fez com que pelo menos 100 milhões de cidadãos – todos pobres – não tenham esgotos até hoje, o estatismo energético faz com que o Brasil tenha uma rede de gasodutos miserável – pouco mais de 9.000 km., contra quase 100.000 nos Estados Unidos. Isso não é nada. O Brasil, com a política seguida até agora para o gás, está pior que a Argentina, onde a rede é de 14.000 km – o que é realmente um fenômeno, em matéria de incompetência. Nos dois casos, o que se tem é o mandamento supremo de quase todas as empresas estatais: não trabalham e não deixam ninguém trabalhar. Sua única preocupação é garantir privilégios: aposentadorias com salário integral, greves sem desconto dos dias parados, empregos para os amigos de quem manda, aumentos salariais sem nenhuma relação com aumento de produtividade, e por aí afora. É esse o Brasil que o PT pede ao STF.
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