Jader renuncia amanhã da presidência do Senado

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O senador Jader Barbalho (PMDB-PA) confirmou hoje que renunciará amanhã à presidência do Senado. Jader vai sentar-se na cadeira de presidente do Senado, passando o cargo em seguida para o vice-presidente, Edison Lobão (PFL-MA). Irá então à tribuna, de onde fará o discurso de renúncia, que pretende transformar num marco. Jader passou o dia todo em sua casa, no Lago Sul, para estudar os termos do pronunciamento. Disse à Agência Estado, por telefone, que deverá falar de improviso, pois acredita que assim conseguirá dar força e emoção a seu discurso. Ele não pretende falar a respeito do ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), seu maior desafeto e um dos principais responsáveis pelas denúncias que acabaram por levá-lo a uma situação insustentável, que culminará com a renúncia. O senador que amanhã deixará de ser presidente do Senado afirmou que, da tribuna do Senado, examinará o momento político do País e as circunstâncias que o levaram a se decidir pela renúncia. Dirá que aceitou a renúncia porque vislumbrou pelo menos dois benefícios com seu gesto: o projeto de poder do PMDB, partido que, por ser majoritário, tem direito de dirigir o Senado; e o respeito à instituição. Ao deixar a presidência da Casa, poderá contribuir para evitar que a imagem do Senado se desgaste cada vez mais, afirmará o senador. Jader planeja falar ainda sobre o processo por quebra de decoro parlamentar que está prestes a ser aberto contra ele no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. O parecer dos senadores Romeu Tuma (PFL-SP) e Jefferson Péres (PDT-AM), favoráveis à abertura de processo, e o voto em separado do senador João Alberto de Souza (PMDB-MA), pela absolvição de Jader, deverá ser votado pelo Conselho de Ética na quinta-feira. Os senadores tendem pela abertura do processo para que Jader seja investigado sobre supostas denúncias de desvio de dinheiro de aplicações do Banco do Estado do Pará (Banpará), mentiras a respeito de cheques administrativos que teriam entrado em contas pessoais do senador e obstrução de um requerimento do líder das oposições, José Eduardo Dutra (PT-SE). Jader dirá que vai enfrentar o processo no Conselho de Ética. Teria como provar que não se beneficiou das aplicações do Banpará, que não mentiu durante seu depoimento à comissão do conselho e que não obstruiu o andamento de nenhum ofício pedido pelos partidos de oposição. No depoimento ao Conselho de Ética, há cerca de 20 dias, Jader deixou no ar algumas ameaças. Disse que os senadores deveriam tomar cuidado, porque se tentavam incriminá-lo por fatos cujo prazo já teria prescrito, outros parlamentares também poderiam ser atingidos. Deixou no ar que as próximas vítimas poderiam ser José Sarney (PMDB-AP), Romeu Tuma e Jorge Bornhausen (PFL-SC). Jader poderá de novo tocar nesse assunto. A renúncia de Jader será a primeira de um presidente do Senado. Acontece sete meses e quatro dias depois de ter sido eleito pela maioria absoluta dos senadores, em 14 de fevereiro. Mas o seu envolvimento numa situação que cada dia mais se agravou vem de mais longe. Em abril de 2000 Jader e Antonio Carlos Magalhães deram início a uma briga que não teve mais fim. Começou por causa do aumento do salário mínimo, levou os dois senadores a se acusarem de "ladrão" e "corrupto" e se afunilou até tornar a situação de Jader insustentável, a ponto de ele ceder naquilo que nunca admitira: a renúncia da presidência do Senado.

Comentários

Os comentários são exclusivos para cadastrados.