O vice-presidente Michel Temer recebeu Agnelo ontem, tarde da noite, no Palácio do Jaburu para ouvir as explicações do petista. Eram mais de 23 horas quando Temer, cansado, após chegar de um evento da Rio + 20, recebeu o petista.
O encontro foi intermediado pelo vice-governador do Distrito Federal, Tadeu Filipelli (PMDB), uma das supostas vítimas da espionagem promovida pela Casa Militar de Agnelo sobre adversários políticos e até de integrantes do próprio governo.
Sem respaldo no PT - que ainda associa Agnelo à sua antiga legenda, o PC do B, e não se moveu para evitar sua convocação pela CPI, - o governador tem feito gestões junto aos peemedebistas. O PMDB tem o comando da CPI, presidida pelo senador Vital do Rêgo Filho (PB), e mais seis assentos na comissão.
Um dos titulares é o deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF), que foi secretário de Obras do governo Agnelo, mas deixou o cargo rompido com Filippelli, depois de ter sido afastado das negociações da construção do estádio que vai sediar os jogos da Copa do Mundo de 2014 em Brasília.
Agnelo será inquirido sobre denúncias que ligam seu governo à Delta Engenharia, por sua vez ligada ao contraventor Carlos Cachoeira. Para tentar afirmar autonomia em relação à Delta, o governador determinou na semana passada o rompimento do contrato de limpeza que a empresa mantinha com o governo por força de liminar desde 2010. A decisão foi anunciada após a Justiça do Distrito Federal cassar a medida liminar.
Foi ele, no entanto, que, já eleito, pediu ao então governador Rogério Rosso que antes de deixar o cargo prorrogasse o contrato entre a Delta e o GDF. Escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal sugerem um vínculo entre funcionários de seu governo e intermediários de Cachoeira.
É provável que a CPI aborde as relações de Agnelo com o laboratório Hipolabor, acusado de sonegação fiscal, lavagem de dinheiro, formação de cartel e falsificação de medicamentos.
Reportagem do Estado revelou grampos obtidos na Operação Panaceia, mostrando que o referido laboratório recorria a Rafael de Aguiar Barbosa - atual secretário de Saúde do GDF -, na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para acelerar demandas no órgão de controle. Na época, Agnelo era diretor da Anvisa e Rafael, seu diretor-adjunto.
Há suspeitas da Polícia Federal de que Agnelo seria o número 01 mencionado nos grampos telefônicos da Operação Monte Carlo, em Brasília, em conversas de integrantes da organização de Cachoeira. O esquema do contraventor, até ser desmontado pela PF, se articulava para operar negócios milionários no governo do DF.
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