O escândalo da violação do painel de votação do Senado, envolvendo os senadores Antônio Carlos Magalhães (PFL/BA) e José Roberto Arruda (sem partido/DF) motivou o Ministério da Justiça a convocar os partidos políticos para discutir mecanismos de prevenção a fraudes eletrônicas na eleição de 2002. ?A violação do painel tem efeito capilarizante e expansivo. Isto pode levar as pessoas a intuir a possibilidade de violação também das urnas eletrônicas?, disse nesta sexta-feira o ministro Nelson Jobim, durante simpósio sobre informatização dos serviços do governo, realizado no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O ministro está agendando reuniões com os partidos, a partir de junho deste ano, ?para garantir a segurança dos votos antes, durante e depois? das eleições. Segundo ele, será definido o acompanhamento do processo de instalação do sistema eletrônico. Jobim disse que, no ano que vem, pela primeira vez, o eleitor utilizará um sistema totalmente informatizado para votar seis vezes: para presidente, governador, duas opções para senador, deputado federal e deputado estadual. A última eleição, em 2000, foi totalmente informatizada, mas com apenas dois votos: para prefeito e vereador. O voto eletrônico começou a ser implantado em 1996, atingindo apenas 1,03% dos 5.559 municípios brasileiros e 32% dos eleitores. ?O senador Requião (Roberto Requião - PMDB/PR) quer imprimir os votos das urnas eletrônicas como uma garantia de que o que está sendo apurado é o que foi votado, mas há uma complicação nisso: como o voto é secreto, ninguém além do eleitor pode examinar o voto?, comentou. A proposta de Requião, segundo o ministro, é a de acoplar uma impressora ao lado da urna que imprimiria automaticamente o voto, como fazem as máquinas de caixa eletrônico de banco. Este voto impresso seria deposita numa urna tradicional, para contagem pelo sistema antigo. Este sistema seria instalado num número limitado de urnas, que permitiria uma amostragem de 5% das máquinas. Caso o resultado comparativo indicasse fraude, seria anulada a eleição. Jobim comentou que a introdução do sistema de votação informatizado mudou a cultura eleitoral. Pelo método antigo, os candidatos se preparavam para o resultado ao longo do demorado processo de apuração, o que fazia com que os perdedores chegassem ao final mais ou menos conformados com o resultado. ?A urna eletrônica representa a morte súbita, não há um momento preparatório. Em alguns casos, os candidatos que perdem se revoltam, quebram e queimam urnas?, comentou.