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Um olhar crítico no poder e nos poderosos

Opinião|Lançamento de ‘lula com chuchu’ é para abrir apetite de PSDB, MDB, UB, PSD e até PDT e Centrão

O pré-lançamento de Lula cria um antes e um depois na campanha dele

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Atualização:

Não é só a foto com o ex-tucano Geraldo Alckmin nem só a mistura da Bandeira Nacional com as bandeiras vermelhas, pois muita coisa tende a mudar a partir de agora na campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lançou sua pré-candidatura em clima de festa, pregando “democracia, sorriso, carinho, amor, paz e harmonia”. Ou seja, o oposto do seu principal adversário, o presidente Jair Bolsonaro.

O pré-lançamento de Lula cria um antes e um depois na campanha dele. Se até agora Lula vem errando e falando uma bobagem atrás da outra, ele vai tentar se emendar. E, se até agora o PT se engalfinha em disputas internas sobre o tom da campanha, o formato da propaganda e o comando da campanha, agora vai ter foco.

Lula discursa durante o lançamento da chapa "Vamos Juntos Pelo Brasil".  Foto: Carla Carniel/Reuters

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É como se fosse o fim da fase amadora e o início da fase profissional, mas essa é a expectativa dos petistas e seus aliados, não a certeza do que vem pela frente. Na cúpula da comunicação, por exemplo, sai Franklin Martins e entra Rui Falcão. E daí?

Em comum, Franklin e Falcão têm a mesma origem, ambos são jornalistas. Mas Franklin é homem do Lula, é o cara que diz as verdades, que busca o pragmatismo e defende um amplo leque de apoios para vencer as eleições. Se Franklin é homem de Lula, Falcão é quadro do PT. E não tem a mesma capacidade de influência sobre Lula que o antecessor, é o braço do partido no comando da campanha.

E, independentemente de quem entra e quem sai, quem de fato controla o incontrolável Lula, que passou oito anos da Presidência jogando fora os belos discursos escritos pelo intelectual Luiz Dulci para falar o que bem entendesse, de improviso?

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A imensa foto de Lula com Alckmin e os discursos de ambos, pela união do País e pela moderação, com o cardápio do “lula com chuchu”, servem de chamariz para os órfãos da chamada “terceira via”, a começar do próprio PSDB de Alckmin, mais MDB, Cidadania e União Brasil, que pulou do barco antes do projeto ir a pique.

Na mira também estão o PDT de Ciro Gomes, o terceiro colocado, o PSD de Gilberto Kassab, que atirou para todo lado e não acertou nada, e quem mais se interessar. Cabe até o Centrão, que já apoiou Fernando Henrique, Lula, Dilma, Temer e está com Bolsonaro, mas nunca se sabe onde estará amanhã. Depende das pesquisas.

Hoje, elas estacionaram com Lula à frente e Bolsonaro vários pontos atrás. O que vai fazer toda a diferença é qual dos dois terá mais capacidade de atrair os votos dos que ficaram sem terceira via, sem pai e sem mãe. A estratégia de Bolsonaro é a guerra, a de Lula é a paz. A de um é o ataque à democracia, a de outro é a harmonia institucional e o bem-estar social.

A munição de Bolsonaro é bem mais concreta, objetiva: caneta, cargos, verbas, controle da Câmara, manipulação das Forças Armadas. A de Lula é mais abstrata, subjetiva: a lábia, o discurso social e a comparação entre os dois governos na economia, no ambiente, na educação, na inclusão, na diversidade. A corrupção? Bem... Esse é um campo minado. E vai sobrar bomba para todo lado.

Opinião por Eliane Cantanhêde

Comentarista da Rádio Eldorado, Rádio Jornal (PE) e do telejornal GloboNews em Pauta

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