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Lula faz novo aceno ao agronegócio: ‘Bandidos são aqueles que não respeitam a questão ambiental’

Petista tenta reduzir resistência após dizer que setor é ‘fascista e direitista’

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Foto do author Beatriz Bulla
Foto do author Giordanna Neves
Atualização:

Em mais um aceno ao agronegócio, segmento no qual o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem grande aderência, o candidato à Presidência pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou nesta segunda-feira, 10, que não é possível aceitar que “tem o homem do agronegócio bom e o homem do agronegócio ruim”. “Tem gente do agronegócio, e tem os bandidos”, emendou.

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“Os bandidos são aqueles que não respeitam a questão ambiental, são aqueles que querem desmatar, e esses caras não podem ser confundidos como gente do agronegócio”, disse Lula durante encontro com o coletivo Derrubando Muros, que declarou apoio à sua candidatura.

Lula também voltou a dizer que não é defensor apenas da exportação de commodities e que, na venda de soja, há tecnologias envolvidas. “Eu não sou daqueles que digo ‘ah, o Brasil não pode continuar exportando só soja ou minério de ferro’. Até porque eu acho que esse País, ao exportar soja hoje, a gente está exportando muita tecnologia em um grão de soja, muita engenharia genética em uma carne de frango, uma carne de porco”, afirmou.

O ex-presidente Lula e o ex-governador Geraldo Alckmin durante encontro com o coletivo Derrubando Muros Foto: Marcelo Chello/Estadão

A declaração é feita no momento em que Lula ainda tenta calibrar o discurso em relação ao agronegócio. No primeiro turno, o petista teve de recuar após afirmar, durante sabatina no Jornal Nacional, da TV Globo, que parte do agronegócio brasileiro é “fascista e direitista”. Dois dias depois, Lula fez novo aceno ao setor ao afirmar que entre os produtores de alimentos há “muita gente responsável”, “que cuida do meio ambiente” e “está tentando preservar”.

Também nesta segunda-feira, a senadora Kátia Abreu (PP-TO), que não conseguiu se reeleger para um terceiro mandato, declarou apoio a Lula no segundo turno. A ex-ministra da Agricultura publicou nas redes sociais um vídeo direcionado aos “produtores rurais de todo Brasil”. Ela alerta que o “verdadeiro risco” é a gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição: “A imagem do Brasil na área ambiental se deteriorou progressivamente no exterior e a nossa perda de credibilidade da comunidade internacional chegou ao limite”.

Lula ainda chamou seu adversário, o presidente Jair Bolsonaro (PL), de “anormal” por admitir apreciar, caso reeleito, o aumento da quantidade de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). “Esse cidadão é anormal, ele não teve nenhuma educação civilizatória e ele pensa o País para ele: acha que as Forças Armadas são dele, a Suprema Corte é dele, que o Congresso é dele.”

No domingo, Bolsonaro reafirmou que recebeu a sugestão de aumentar o número de ministros do STF e disse que isso será decidido após as eleições, caso saia vitorioso do pleito. “Essa sugestão já chegou para mim, a gente decide depois das eleições”, afirmou o presidente, em participação no canal Pilhado, no YouTube. Bolsonaro admitiu que essa seria uma forma de pulverizar o poder dos ministros.

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Manifesto

Na tentativa de ampliar a frente de apoio à sua candidatura no segundo turno, Lula se reuniu nesta tarde com membros do coletivo Derrubando Muros (DM), formado por acadêmicos, cientistas, empresários, políticos e ativistas que assinaram um documento de apoio ao petista na corrida presidencial.

Em manifesto entregue a Lula, denominado “pela paz e pela democracia”, o coletivo avalia que a reeleição de Bolsonaro traz riscos ao sistema democrático brasileiro. Entre os membros que assinam o documento estão o ex-presidente do Banco Central (BC) Armínio Fraga, o ex-ministro da Justiça Nelson Jobim, e o ex-senador José Aníbal (PSDB).

Armínio, no entanto, não compareceu ao evento. A campanha do PT fará uma reunião com os economistas historicamente ligados ao PSDB que declararam apoio a Lula, como Arida, Pedro Malan e Edmar Bacha.

Em manifesto entregue a Lula, denominado “pela paz e pela democracia”, o coletivo avalia que a reeleição de Bolsonaro traz riscos ao sistema democrático brasileiro. Entre os membros que assinam o documento estão o ex-presidente do Banco Central (BC) Armínio Fraga, o ex-ministro da Justiça Nelson Jobim, e o ex-senador José Aníbal (PSDB).

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Armínio, no entanto, não compareceu ao evento. A campanha do PT fará uma reunião com os economistas historicamente ligados ao PSDB que declararam apoio a Lula, como Arida, Pedro Malan e Edmar Bacha.

Uma presença inusitada chamou a atenção dos presentes na reunião com Lula. O empresário Paulo Marinho, suplente do senador Flavio Bolsonaro (PL-RJ), e ex-aliado do presidente, participou do ato de apoio ao petista.

Ex-presidentes do PSDB compareceram, como Aníbal, o ex-prefeito de Belo Horizonte Pimenta da Veiga e o ex-chanceler Aloysio Nunes. Aníbal relembrou que há 33 anos o ex-prefeito Mário Covas (PSDB) apoiou Lula na disputa contra Fernando Collor de Mello na corrida à Presidência e comparou o cenário com a realidade atual. “Ele o apoiou por razões que logo depois se tornaram óbvias e levaram ao impeachment. São as mesmas razões que nós, presidentes do partido, decidimos pela chapa Lula Alckmin”, disse.

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Pimenta da Veiga citou embates que teve com PT em Minas Gerais, seu Estado, e no Brasil, mas avaliou que o risco à democracia exige união. Ele também relembrou que votou em Lula contra Collor. “Vi que naquele instante havia risco e precisávamos superar divergências de orientação política e posicionar melhor o País, Hoje estou aqui numa posição semelhante”, afirmou.

Pluralidade

Após receber o manifesto de apoio de membros do Derrubando Muros, o vice Geraldo Alckmin (PSB) afirmou que o movimento traduz a pluralidade do Brasil que tem sido incorporada na campanha. “Essa é a lógica do segundo turno, ampliar, receber propostas, aprimorar programas, poder avançar ainda mais”, disse.

Em seu breve pronunciamento, o ex-tucano voltou a dizer que Lula tem experiência e liderança e é um nome que defende crescimento econômico com estabilidade, previsibilidade e sustentabilidade. As três palavras têm sido frequentemente usadas pelo ex-presidente em encontros com nomes do PIB, em entrevistas à imprensa e comícios.

Nesta segunda-feira, ele voltou a citá-las. “Se o presidente não tiver essas três palavras como pilares do seu comportamento e da sua ação, ele não consegue nem montar governo e muito menos consegue restabelecer a credibilidade que esse País tem que ter no exterior”, declarou.

O coletivo Derrubando Muros, formado por acadêmicos, cientistas, empresários, políticos e ativistas, apresentou um documento em apoio ao petista. Mais de 50 pessoas participaram do encontro. Entre as motivações para votar no ex-presidente, os membros do grupo citaram a defesa da democracia, da educação e do meio ambiente. Tucanos históricos, o ex-senador José Aníbal, o ex-prefeito de Belo Horizonte Pimenta da Veiga e o ex-chanceler Aloysio Nunes endossaram a candidatura do petista, apesar das divergências da legenda com o PT.

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