Afastado há três dias do cargo, o diretor adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), José Milton Campana, admitiu hoje que equipamento da Abin é capaz de fazer escutas em um raio de, no máximo, cem metros. Os equipamentos do órgão estão sendo vistoriados por uma comissão de engenheiros e técnicos do Comando do Exército para averiguar se as chamadas "maletas de varredura" limitam-se a vasculhar a existência de grampos, conforme afirmou o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Jorge Félix, a quem a Abin é subordinada. "Os equipamentos não teriam capacidade de qualquer escuta a mais de cem metros. Estamos com uma comissão do Exército na Abin e pelo que ouvi preliminarmente em um terreno limpo, sem nenhuma barreira, poderia acontecer alguma coisa", disse Campana, ao depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Grampos. No depoimento, o diretor afastado, que foi agente do extinto Serviço Nacional de Informações (SNI), afirmou ainda que "não tem dúvidas" que está grampeado. Ele argumentou que é praticamente impossível detectar escutas telefônicas clandestinas. "É quase impossível a Abin coibir grampos ilegais", disse. Campana afirmou que as maletas servem apenas para fazer varreduras ambientais. "A Abin não atua à revelia da legislação pertinente. Não fez e não faz interceptação telefônica. A Abin não atua no submundo, de forma sub-reptícia, não trabalha contra o Brasil. Ao contrário, dedica-se a contribuir para a segurança do Estado brasileiro."
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