Paulo Maluf está de volta à arena política, de olho em R$ 14 bilhões - orçamento anual da cidade de São Paulo -, uma bolada a que estará autorizado a gerir se superar embate de envergadura, pois seus oponentes na corrida à maior prefeitura do País são Marta Suplicy (PT) e José Serra (PSDB). Aos 72 anos, alvo permanente das investigações que os infatigáveis promotores realizam, Maluf vem aí para provar, ou ao menos tentar, que o malufismo não morreu. "Eu não trabalho com a hipótese de não ir para o segundo turno. Incorrigível, não abre mão dos chavões e bordões nos quais seus eleitores crêem - como o "Rota nas ruas". Fala de si próprio com entusiasmo. Grandes obras são uma fixação. Com orgulho incontido, sustenta que tais empreendimentos deram fim a problemas crônicos da metrópole. Projeta outros tantos se acaso chegar novamente ao Palácio das Indústrias - não parece incomodá-lo o fato de o Ministério Público colocar seus feitos na vala dos negócios suspeitos. "Eu sou a solução", declara Maluf, que hoje à tarde terá sua candidatura anunciada oficialmente na Câmara, solenidade que contará com aval de 30 deputados federais do Partido Progressista - muitos deles oriundos da velha Arena, que Maluf integrou. "Sofro de democracia", diz, ante novo desafio. Em entrevista ao Estado, prega debate limpo. Afirma que não vai bater em Marta e nem em Serra, mas critica a administração da petista e lembra que o tucano amargou derrotas clamorosas. Estado ? O que o paulistano quer? Maluf ? Ele não quer a federalização da discussão, o povo não quer saber de terceiro turno. Quem viu o programa de TV do Serra, nota o seguinte: ele quer aqui na Prefeitura de São Paulo o terceiro turno da eleição que perdeu. O povo não quer isso. Ele quer saber quem vai resolver o seu problema. É aquilo que o eleitor americano diz: o que é que eu ganho votando nesse sujeito? Votando no Paulo Maluf eu garanto que ele ganha um bom prefeito de novo. Eu vou fazer discussão local. Não me nego a responder nada, mas nos meus programas de TV vou dizer que eu tenho um sonho: quero acabar com as enchentes no córrego Pirajussara e no Aricanduva. Acabei com as enchentes na zona do Mercado e no Pacaembu. Eu sei resolver o problema, vou melhorar a saúde pública, não vai faltar remédio e vou ajudar na segurança pública. Estado ? Avalie o governo Lula. Maluf? Tenho apreço pessoal pelo Lula, honesto, decente, bem intencionado. Mas essa é a pessoa física. Vamos analisar a pessoa jurídica. O governo fez opção, para mim trágica, no superávit primário. É dinheiro que sai dos investimentos para os banqueiros. A gente vê estradas esburacadas, falta merenda escolar, saúde pública em frangalhos, a Polícia Federal ficou em greve 70 dias reclamando paridade e o funcionalismo vai entrar em greve. A falta de investimento está gerando crise social. Estado ? No caso do jornalista americano, Lula agiu certo? Maluf ? A acusação que ele fez ao Lula merece nossa repulsa. O Lula tem nossa solidariedade, mas a maneira como agiu foi errada, antidemocrática, feriu a liberdade de imprensa. Se eu tivesse que expulsar do País todos os jornalistas que falaram mal de mim as redações estavam vazias.