Ou seja: enquanto cada vez mais mulheres se especializam e obtêm espaço em profissões dominadas por homens, os homens admitem a possibilidade de fazer o trabalho "de mulheres", coisa que "seus pais jamais considerariam fazer", como diz o New York Times. São os chamados "pink collars" (colarinhos rosa, que trabalham no setor de serviços), em contraponto aos "white collars" (colarinhos brancos, ou trabalhadores de escritório) e "blue collars" (colarinhos azuis, ou operários), que são normalmente masculinos.
Miguel Alquicira, 21, é um dos casos citados pelo jornal. Sem diploma universitário e com a escassez de vagas na construção civil e na indústria, Alquicira fez um curso médico e conseguiu trabalho num consultório odontológico como assistente. No Texas, dobrou o número de homens registrados como enfermeiros. Fenômeno semelhante ocorreu entre professores primários, caixas de banco e recepcionistas, profissões em que as mulheres ainda são maioria.
Estudiosos mostram ainda que o perfil dos homens que buscam ocupações "femininas" também está mudando: antes, eram imigrantes, que não falavam inglês e com baixo nível educacional; agora, são homens de todas as raças e nacionalidades, com o equivalente ao ensino médio completo.
A tendência dos "pink collars" masculinos está diretamente vinculada ao clima de recessão nos EUA. Para os especialistas, assim que a situação mudar, os rapazes vão voltar a procurar trabalho em seu meio tradicional, porque, como lembra a economista Heather Boushey, os garotos não dizem que querem ser enfermeiros quando crescerem. No entanto, diz o Times, muitos rapazes "pink collars" afirmam que pretendem continuar com o trabalho "feminino" mesmo quando a economia voltar ao normal, porque se sentem mais satisfeitos agora.
E, afinal, mesmo em empregos tipicamente para mulheres, os homens ganham salários melhores.