Nos últimos dias, uma questão perigosa passou a ser debatida reservadamente entre os líderes de Brasília até bem pouco atrás refratários a solavancos: o que aconteceria, em um país sem vacina e com desemprego e inflação nas alturas, se o presidente fosse substituído? Trocando em miúdos, o afastamento de Jair Bolsonaro paralisaria ainda mais o Brasil ou resultaria em avanço imediato? Para os veteranos de 1992 e 2016, as respostas são menos importantes do que a instauração e disseminação da questão. O vírus da dúvida já está no ar de Brasília.
Avarias. Há também boa dose de cálculo eleitoral. O Centrão adverte: 2022 é logo ali e ninguém quer ficar em barco que pode afundar antes de a regata começar.
Deu... A ação de Bolsonaro no STF contra governadores conseguiu agravar a tensão no Congresso.
...pra ti? A leitura: os últimos dias revelaram, mais uma vez, que o presidente prefere radicalizar e espalhar mentiras ante agir politicamente no combate à pandemia. Com a escalada nos índices de mortes e filas de UTI, ficou atestada a inoperância do governo.
Linha. Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e Arthur Lira (PP-AL) têm feito de tudo para não entrar em rota de colisão com o governo, mas a sensação no entorno dos presidentes do Congresso é de situação limítrofe.
Aff. Pacheco ficou bastante abalado com a morte de Major Olímpio e não gostou nem um pouco da insinuação de Bolsonaro de um estado de sítio no País.
Chega. Em carta aberta, Simone Tebet (MDB-MS) cobrou, mais uma vez, a instalação da CPI da Covid-19 no Senado como forma de pressionar o Executivo federal a agir com "rapidez, coordenação e vontade".
Caos. "Ou Bolsonaro se dirige à nação e demonstra plena consciência da gravidade da situação e apresenta, ao lado do ministro da Saúde, um plano nacional de execução urgente para enfrentamento da pandemia, ou permaneceremos, todos, no caos", afirma Tebet.
SINAIS PARTICULARES. Simone Tebet, senadora (MDB-MS)
Em síntese. "Ao invés de se ocupar em saber como comprar medicamentos que faltam nos hospitais, Bolsonaro dedica seu tempo a agredir prefeitos e governadores", diz o governador Rui Costa (PT-BA).
Torta... Assessores palacianos sentiram a tensão escalar em Brasília. Admitem, reservadamente, que a insatisfação com o comportamento do presidente não parte só da oposição, mas de alguns aliados também.
...de climão. A esperança reside na reunião entre Congresso, Planalto, STF, AGU, PGR e representantes dos Estados. Sonham em união para combater a pandemia. Mas sabem que tudo dependerá do presidente. Ou seja...
CLICK. No Recife, o prefeito João Campos, do PSB (à esq.), acompanha a vacinação. A capital pernambucana já imunizou 90% das pessoas com mais de 70 anos.
De volta. Aos poucos, Aécio Neves vai reassumindo protagonismo na Câmara.
Tá chegando. A Caixa assinou a renovação do contrato com a Prefeitura de SP para ser o banco do Renda Básica Emergencial, que deverá beneficiar cerca de 490 mil pessoas. Os pagamentos serão através do aplicativo CaixaTem, o mesmo do auxílio emergencial do governo federal.
Novo. Sérgio Victor assume a liderança do Novo na Assembleia-SP: "O desafio será amenizar impactos aos empreendedores e às famíliasque estão sofrendo com as restrições da pandemia, além de fiscalizar para que não tenhamos falta de vacinas e de insumos".
PRONTO, FALEI!
Marcelo Ramos, vice-presidente da Câmara dos Deputados (PL-AM): "País sofrendo com as crises e o presidente falando em estado de sítio e promovendo confrontos com discursos que dividem e dispersam nossa energia."
COM REPORTAGEM DE ALBERTO BOMBIG, MARIANA HAUBERT E MARIANNA HOLANDA.
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