Antes de se reunir com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e fechar apoio à candidatura presidencial do petista, a ex-ministra Marina Silva (Rede) participou de um jantar, no sábado à noite, no apartamento de Luciana Costa, executiva do mercado financeiro, com outros três candidados a deputado federal em São Paulo, todos com perfil ideológico da centro-esquerda à esquerda.

Marina, Orlando Silva (PCdoB), Paulo Teixeira (PT) e Guilherme Boulos (PSOL), em conversa mediada pelo cientista político Mathias Alencastro, convergiram sobre a necessidade, em caso de vitória de Lula, de uma bancada forte na Câmara para defender as pautas ambientais e ser contraponto ao Centrão.
Marina caracterizou como "parlamentarismo de usurpação" o atual modo de funcionamento do Congresso, sob o domínio do Centrão, turbinado pelas verbas do orçamento secreto. Ela pregou a instauração de um "presidencialismo propositivo" e lembrou sua experiência como senadora pelo PT, quando mesmo na oposição ao governo FHC, conseguiu articular a aprovação de medidas na área ambiental.
Otimista, Paulo Teixeira avaliou que os partidos que apoiam Lula podem eleger uma bancada de até 200 deputados e que sua prioridade na próxima legislatura deve ser derrotar Arthur Lira (PP-AL) na disputa pela presidência da Câmara, com eventual apoio de aliados no PMDB e no PSDB. Mais comedido, Orlando Silva disse acreditar que a bancada à esquerda não deverá ir além de 160 deputados e que é preciso esperar o resultado das urnas para ver como ficará o balanço de forças no Congresso,
A lista de cerca de 60 convidados para o jantar refletiu os tempos da nova polarização política instalada no Brasil a partir da ascensão do bolsonarismo ao poder: além de representantes de bancos de investimentos, estavam presentes vários nomes próximos ao PSDB ou que foram fustigados pelo PT em campanhas presidenciais passadas, como a educadora Neca Setúbal e o economista e filósofo Eduardo Gianetti da Fonseca.