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Mercadante faz campanha empolgado com decisão de Quércia

Petista deixou claro que quer aproveitar popularidade de Lula para derrotar Serra na disputa pelo governo paulista

Por Agencia Estado
Atualização:

Ainda sob o efeito da decisão do ex-governador Orestes Quércia (PMDB) de disputar o governo estadual, o senador Aloizio Mercadante (PT) cumpriu com empolgação hoje uma extensa agenda pela região sul do Estado. Em Sorocaba, cidade cerca de 100 quilômetros da capital, o candidato petista participou logo pela manhã de um café com representantes de entidades sociais, falou com militantes na sede do PT local, visitou um sindicato e o arcebispo da região, D. Evaristo Benis de Sales. Nos discursos, comparações entre os governos de Geraldo Alckmin em São Paulo com o de Luiz Inácio Lula da Silva na esfera federal. O senador deixou claro que pretende aproveitar a popularidade de Lula para conseguir diminuir a diferença para José Serra (PSDB), levar o pleito para o segundo turno e usar o cargo presidencial como diferencial para vencer um eventual segundo turno em São Paulo. "O presidente Lula deve ser eleito no primeiro turno. E aí eu duvido que alguém no Estado vote em um governador que faça oposição ao governo federal", repetiu algumas vezes. "São Paulo vai querer um governador que trabalhe em parceria, que é o nosso caso." E repetiu que o quadro político está ficando favorável a ele com o lançamento das novas candidaturas. "Vamos juntar, no segundo turno, toda essa oposição ao PSDB no palanque", previu. Além disso, fez questão de deixar claro que vai explorar a saída de Serra da Prefeitura de São Paulo e tentar provocá-lo. "É natural que depois de tantas eleições que o Serra disputou nos últimos dez anos, para senador, depois prefeito, perdeu. Depois presidente da República, perdeu. E para prefeito de São Paulo ele ganhou. Mas ele prometeu que ficaria até o final de governo. Empenhou as palavras dele, assinou uma carta e registrou no cartório. Nem cumpriu a palavra, nem o que ele assinou. E acho que agora ele vai pagar um preço caro." Propostas Ao fazer propostas de governo, Mercadante achincalhou a gestão de Alckmin, em especial na questão da segurança pública. "Quando o Alckmin foi deputado comigo, ele propôs a redução da maioridade penal para 16 anos. Vai adiantar? Pegar o jovem e colocar na cadeia, se ela está falida?", indagou, para iniciar o ataque. "Isso só vai aumentar a linha de produção da criminalidade", disse, propondo o aumento da pena a criminosos adultos que têm jovens nas quadrilhas e o fim da Febem. "O governo estadual tem que olhar para o interior. O interior está se esvaziando. O que interiorizou foi o crime organizado", disse. Seguindo a mesma linha de raciocínio de Lula, prometeu investir pesadamente em educação para assim solucionar a crise na segurança pública. Em Itapetinga, a 170 quilômetros de São Paulo, Mercadante visitou o prefeito Roberto Ramalho (PMDB) e prometeu uma universidade estadual para a região. "Precisa investir em educação, o presidente Lula trouxe a Universidade Federal de São Carlos para Sorocaba, eu vou trazer provavelmente a Unesp para cá." Mercadante tirou proveito até das saias justas do governo federal, como a greve da Polícia Federal por aumento salarial. "Valorizamos a PF com o Lula. Aumentamos o efetivo, aparelhamos a polícia, aumentamos os recursos. E hoje um delegado federal tem salário inicial de R$ 8 mil. Um delegado civil em São Paulo recebe R$ 3,1 mil bruto, R$ 2,4 mil líquidos, e fica com esse salário por dez anos. Essa é a política de segurança do Geraldo Alckmin", cutucou. "Eles (PF) merecem aumento, mas o TSE proibiu e agora o governo está tentando reverter judicialmente essa decisão", concluiu. Mensaleiros O candidato petista só alterou seu humor quando indagado sobre o mensalão. "Eu jamais fui citado em qualquer denúncia", defendeu-se, ainda calmo. "Em relação aos dirigentes do PT que foram mencionados, é grave, é uma denúncia grave. Não pode ser menosprezada. E o fato de outros partidos estarem envolvidos nessa denúncia não diminui nossa responsabilidade. O PT deve desculpas à sociedade pelo que aconteceu e mais do que desculpas, deve providências", pregou, defendo uma reforma eleitoral. Quando questionado se os mensaleiros subiriam no palanque com ele durante a campanha e se isso o constrangia, irritou-se. "Eu já respondi isso, mas como me perguntou volto a responder. Eu acho que quem vai julgar é o povo. O povo é quem vai analisar se os erros cometidos por cada um desses candidatos é maior ou não que a biografia, que as contribuições que eles deram ao longo da história da vida do País, foi isso que eu disse, é isso que eu repito", concluiu.

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