Missão vai a Goiânia investigar seqüelas da contaminação por Césio

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH) decidiu nesta quinta-feira enviar uma missão a Goiânia para investigar a denúncia de que uma onda de doenças graves estaria acometendo centenas de vítimas de contaminação por césio 137, passados 17 anos do acidente. Integrada por membros do Conselho e da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnem), além de cientistas convidados, a missão terá trinta dias para concluir seus trabalhos e entregar o relatório ao governo. O acidente ocorreu em 1987, na periferia de Goiânia, quando um homem roubou de um hospital uma caixa de chumbo. Ao abri-la para verificar o conteúdo, ele expôs a cápsula de césio, um elemento radioativo altamente danoso à saúde humana. Algumas pessoas morreram logo após o contato com a cápsula e outras perderam a vida nos anos seguintes. Laudo técnico do Ministério da Saúde, emitido há três anos, constatou que o pior estava por vir, pois depois de 15 anos, a exposição a esse elemento exerce poder cancerígeno. "É o que está acontecendo agora e o governo federal tem lavado as mãos diante dessa calamidade", disse o promotor Marcos Antônio Ferreira Alves, um dos responsáveis pela denúncia. Apenas 614 pessoas foram reconhecidas pelo governo goiano como vítimas da contaminação e vêm recebendo algum tipo de assistência. A maior parte delas não tem direito a medicamentos e só recebe uma consulta gratuita por ano. A estimativa é de que cerca de 5 mil pessoas, incluindo familiares das vítimas, tenham sofrido contaminação grave. Muitas fugiram para outros estados para escapar à discriminação que passaram a sofrer e outras esconderam as doenças.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.