Surpresa para aqueles que pensam que dengue é doença de periferia. Perdizes, bairro de classe média da zona oeste da cidade, tem a maior infestação de mosquitos Aedes aegypti, transmissor da dengue. Para cada cem imóveis visitados pelos agentes de zoonoses, há seis recipientes com larvas do Aedes. A medição foi realizada em dezembro pela Secretaria Municipal da Saúde. O bairro, porém não tem ainda nenhum caso da doença. "O índice de Perdizes destrói o mito de que dengue é problema da periferia", alerta Pedro Bonequini Júnior, gerente do Projeto Prioritário de Combate a Dengue da secretaria. "Os cuidados têm de ser feitos por todos." Pratinho debaixo de vaso de planta é o criadouro mais comum em Perdizes - 34% dos focos do mosquito estão nesse tipo de recipiente. Também é em Perdizes que os agentes de zoonoses encontram mais dificuldade para vistoriar as casas. Em toda a cidade, em média, 5% dos imóveis não são visitados, porque o proprietário não permite a entrada do agente. Em Perdizes, a porcentagem é o dobro, 10%. O volume de imóveis fechados, sem ninguém, também é maior nesse bairro: 42%, comparados à média de 30% da cidade. Em segundo lugar no ranking de infestação do mosquito transmissor da dengue está Pirituba (zona oeste), com cinco criadouros para cada cem imóveis vistoriados. O bairro do Rio Pequeno, também na zona oeste da capital, ocupa a terceira posição com quase cinco focos por cem imóveis. Para chegar a esses números, agentes de zoonoses visitaram uma amostra de 18 mil imóveis em toda a cidade. Quase metade dos casos importados de dengue registrados este ano na cidade vieram da Bahia: foram 26 dos 54 casos importados da doença. No segundo lugar do ranking de origem da transmissão de dengue está o interior do Estado, de onde vieram nove casos. Além dos importados, a capital tem dois casos que foram contraídos na cidade (os chamados autóctones). A dengue parece uma gripe sem tosse, espirros ou coriza. Os principais sintomas são febre alta, moleza, dor de cabeça, nos olhos, nas juntas e nos músculos. Bonequini Júnior orienta que, ao sentir os sintomas, a pessoa deve procurar um serviço médico o quanto antes.