O Ministério Público Estadual, em Ribeirão Preto, e o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de São Paulo estão apurando possível prática de falsidade ideológica de documentos para fins eleitorais nas campanhas de prefeito dos candidatos Hélio de Oliveira Santos (PDT), o Dr. Hélio, de Campinas, e Gilberto Maggioni (PT), de Ribeirão Preto, em 2004. Os procedimentos foram abertos este ano em desdobramento do inquérito policial (326/2006) que investiga o marqueteiro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o baiano João Santana. Na investigação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal da Bahia, revelada ontem com exclusividade pelo Estado, as duas candidaturas aparecem em uma movimentação financeira suspeita entre a Santana & Associados Marketing e Propaganda Ltda., o PT e a produtora de vídeo NDEC (Núcleo de Desenvolvimento Estratégico de Comunicação). Nos autos, foram detectadas divergências de valores entre as notas apresentadas pela Santana & Associados por seus serviços nas duas campanhas e as prestações de contas entregues à Justiça Eleitoral. Por conta disso, a Procuradoria da Bahia pediu o desmembramento da peça originária, aberta para apurar possível lavagem de dinheiro, com base em comunicado feito pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). A diferença registrada entre as notas e as prestações de contas entregues ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é de R$ 750 mil. Em Ribeirão Preto, onde a empresa de João Santana fez a campanha derrotada de Maggioni, foi encontrado o maior buraco. Duas notas em poder da PF mostram que o marqueteiro recebeu R$ 1,2 milhão pelos serviços. Na declaração de gastos ao TSE há apenas R$ 500 mil pagos, no dia 23 de setembro, para a Santana & Associados. Em Campinas, onde a empresa ajudou a eleger o ex-deputado Dr. Hélio, que teve o apoio escancarado do PT nacional - apesar de o partido ter lançado candidato na disputa -, uma nota da Santana & Associados acusa o recebimento de R$ 600 mil pelos serviços. O coordenador de Comunicação da Prefeitura de Campinas, Francisco de Lagos, disse que o valor gasto por Dr. Hélio foi registrado no TSE e a responsável pelo pagamento à Santana & Associados era a NDEC. A produtora não respondeu às ligações. Maggioni não foi localizado para comentar o caso. A defesa da Santana & Associados diz que não tem responsabilidade quanto ao declarado ao TSE. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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