O Movimento dos Sem-Terra (MST) mobilizou 600 famílias e invadiu, quase simultaneamente, 8 fazendas no Pontal do Paranapanema, extremo oeste do Estado de São Paulo, na madrugada e manhã deste sábado. A ação, a maior já ocorrida na região desde o início do ano passado, aconteceu um dia depois que a direção nacional do movimento anunciou a retomada das "luta e mobilizações" pela reforma agrária. Quatro fazendas foram invadidas no município de Mirante do Paranapanema - São Francisco, Platzeck, Inhancá Velha e Bonanza. Também foram ocupadas as fazendas Figueira e São Camilo, em Presidente Venceslau, Boa Vista, em Santo Anastácio, e Santa Luzia, em Teodoro Sampaio. De acordo com nota distribuída pela coordenação regional, os participantes das ações são trabalhadores sem-terra já cadastrados no Incra e no Itesp e que há mais de três anos esperam o assentamento. Segundo o MST, os trabalhadores decidiram cobrar a promessa feita em 2003 pelo governador Geraldo Alckmin de assentar 1.400 famílias em terras devolutas do Pontal. "Ao contrário disso, o governo do Estado não chegou a assentar sequer 100 famílias na região, alegando falta de recursos financeiros para aquisição de terras. Nesse mesmo período, no entanto, o governador Alckmin gastou - sem fazer licitação - mais de 10 milhões de reais apenas na reforma de 2 presídios, que haviam sido destruídos por rebeliões", diz a nota. O objetivo com as ocupações, segundo o MST, é chamar a atenção da opinião pública para o descaso com a reforma agrária no Pontal "e ampliar nossa luta pelo assentamento das famílias que estão acampadas à margem das rodovias." De acordo com a Polícia Militar, os invasores entraram nas fazendas cortando as cercas de arame e não encontraram resistência. As terras são utilizadas para criação de gado e a maioria das propriedades é considerada produtiva. Na sexta-feira, a direção nacional anunciou, em nota, que o MST estava planejando lutas e mobilizações "para que tenhamos muitas conquistas neste ano que começa". O movimento elencou como objetivos dessa luta o acesso à terra, emprego, renda mínima para todas as famílias e, ainda menos restaurantes de fast food em cada esquina e mais bibliotecas e livrarias. "Sem dúvida, será preciso que o movimento de massas se fortaleça para que a atual correlação de forças adversas seja alterada", dizia a nota.
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