Longe vão os tempos em que entrar na política era um luxo de empresário, fazendeiro, médico e advogado. Uma listagem do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com as ocupações dos quase 380 mil brasileiros que concorrem a algum cargo em outubro revela que uma multidão de menos votados - quase nunca votados - decidiu entrar no jogo. São padeiros, vigilantes, manicures, garçons, motoboys, funileiros, frentistas de postos, faxineiros e dezenas de outras profissões - gente que os partidos sempre ignoraram e que procuraram as zonas eleitorais e preencheram uma ficha, em busca de uma vaga de prefeito, vice ou vereador nas 5.564 cidades brasileiras. A lista de mais de 180 ocupações aparece quase integralmente entre os 15.331 concorrentes a prefeito. Ela inclui 10 barbeiros, 8 taxistas, 6 vigilantes, 24 motoristas particulares, 3 padeiros, 2 pescadores, 1 motoboy, 1 lavador de carros, l frentista de posto, 2 bailarinos e 1 cozinheiro. Mais 847 definiram sua ocupação no campo "outros". Já entre os 348.530 candidatos a vereador, há 558 motoboys. Ao lado deles, 83 lavadores de carro, 11 flanelinhas, 273 faxineiros, 199 garis, 36 coveiros e 60 catadores de recicláveis - o pessoal que recolhe papelão e madeira em lixeiras e caçambas, puxando uma carroça com a força dos braços. Essa babel de conquistados pela política formal tem ainda artista de circo, manicure, recepcionista, atendente de lanchonete e até guardador de carro. Diante de tanta variedade, o TSE não tem idéia do que fazem mais 39.624 cidadãos que se definiram como "outros". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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