A recuperação econômica global deve começar a gerar empregos suficientes para levar a um novo aumento na imigração para os países desenvolvidos no próximo ano, disse na segunda-feira a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). A OCDE publicou um relatório sobre migração internacional mostrando que o fluxo de imigrantes caiu cerca de 6 por cento em 2008, para 4,4 milhões de pessoas, e continuou a declinar em 2009, revertendo cinco anos de aumentos médios anuais de 11 por cento. Em 2010 os países desenvolvidos estão se reerguendo da recessão, mas a geração de empregos ainda não recomeçou, disseram representantes da organização. Mas uma alta prevista no emprego a partir deste ano deve incentivar mais pessoas a atravessar fronteiras em busca de trabalho, disse a organização sediada em Paris e financiada pelos governos de 30 países, em sua maioria ricos. "É provável que tenhamos um declínio maior nos fluxos de mão-de-obra este ano", disse o chefe de emprego da OCDE, John Martin, em coletiva de imprensa em Bruxelas. "Se nossas projeções de recuperação global estiverem corretas, poderemos esperar uma retomada da imigração em 2011." A OCDE disse que as restrições à imigração aumentaram amplamente desde que uma crise financeira abarcou o mundo, em 2008. A organização exortou os países desenvolvidos a fazer mais esforços para impedir que as tensões sociais se traduzam em discriminação contra migrantes. O chefe da organização, Angel Gurria, disse que os estudos da OCDE indicam que conceder cidadania a migrantes aumenta sua participação no mercado de trabalho e melhora suas chances de se integrarem nos países anfitriões. A organização reiterou que a migração de trabalhadores para o mundo desenvolvido vai continuar no longo prazo devido ao envelhecimento das populações e à disponibilidade de empregos em vários setores, especialmente o cuidado de idosos e crianças. De acordo com suas previsões, sem um aumento dos índices de migração atuais, a população dos países da OCDE em idade economicamente ativa vai crescer apenas 1,9 por cento nos próximos dez anos, contra um aumento de 8,6 por cento nos últimos dez anos. Nos 27 países da União Europeia, o envelhecimento da força de trabalho é um problema especial, disse a comissária de assuntos internos do bloco, Cecilia Malstrom, em briefing à OCDE. "A migração de mão-de-obra é o futuro. Vamos precisar suprir faltas de mão-de-obra e fazer frente a desafios demográficos", disse ela.