Um negócio de pai para filho. Poucas vezes a frase foi tão verdadeira como no caso de José Alcino Scarassati, ex-assessor do Senado e do ministro das Cidades, Márcio Fortes, e do filho dele, André Scarassati, 26 anos, estudante de direito. Documentos do Tribunal de Contas da União (TCU) mostram que a pequena empreiteira Construssati, Serviços e Engenharia Ltda., dirigida pelo filho em sociedade com a mãe, Maria Regina Scarassati, que tem apenas 1% do capital da sociedade, cresce à sombra dos cargos públicos do pai. Alcino foi exonerado por causa dos indícios de tráfico de influência colhidos na Operação João de Barro da Polícia Federal, que desarticulou um esquema de desvio de verbas dos programas de habitação do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). A Construssati, do filho de Alcino, ganhou um contrato de R$ 5,5 milhões para construir 255 casas populares em Palmas (TO) com dinheiro que seria liberado pelo Ministério das Cidades. Esse contrato do governo do Tocantins, sozinho, corresponde a tudo o que a Construssati faturou nos cinco anos de vida, antes do PAC: R$ 5,54 milhões. Nos anos anteriores, coincidentemente, 70% dos demais contratos foram para fazer obras no Senado, onde o pai de André era assessor dos parlamentares, além de amigo do diretor-geral da Casa, Agaciel Maia. Alcino se aposentou em 1995 e, de lá para cá, passou a prestar assessoria especial para senadores e ministros. De total de R$ 5,54 milhões faturados nos cinco anos da empresa, R$ 1,57 milhão saiu do Senado - 7 dos 10 contratos, desde que a empresa foi criada em outubro de 2003, também saíram do Senado. Alcino tem intimidade com senadores como Demóstenes Torres (DEM-GO), Efraim de Moraes (DEM-PB), Renan Calheiros (PMDB-AL) e com o deputado Eduardo Gomes (PSDB-TO). Do gabinete de Demóstenes saiu exonerado. "Tinha um procedimetno profissional diferente do meu", disse o senador. Um dos contratos de André envolve a reforma do Comitê de Imprensa do Senado. Para uma obra licitada, em dezembro de 2006, no valor de R$ 356,64 mil, foi feito um aditivo de R$ 109,77 mil, sem licitação, quase um terço do preço inicial - o que elevou a reforma para R$ 466,42 mil. No início deste ano, quando o Estado começou a investigar a obra, Agaciel disse que não sabia quem era o dono da Construssati.
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