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Padre Kelmon nega ser laranja de Bolsonaro

Ao longo do debate, ele elogiou o atual presidente e atacou o petista

Por Fabio Grellet
Atualização:

RIO - Questionado por jornalistas se não seria mais lógico o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) integrar a coligação de apoio à reeleição de Jair Bolsonaro (PL) do que “fazer dobradinha” com o presidente, o candidato do partido à Presidência, Padre Kelmon, se exaltou. Ao longo do debate, ele elogiou Bolsonaro e atacou Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com quem chegou a discutir fora dos microfones - o petista o chamou de laranja. O candidato negou, porém, que tenha servido de apoio ao atual presidente.

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“É você que está me acusando disso”, afirmou a uma repórter. “Na verdade eu fui atacado por um ex-presidente que se diz cristão. Ele é cristão de onde? Ele criou uma igreja, a dele? Hoje vemos padres atacados por políticos que se dizem cristãos. Quem entende de laranja é ele, eu entendo de evangelho”.

A candidata do União Brasil, Soraya Thronick, que se destacou ao chamar Kelmon de “padre de festa junina” durante o debate, fez críticas ao petebista. “Debater com uma pessoa que não tem educação é difícil, acho que foi lastimável. É uma candidatura esquisitíssima, que faz campanha para outro candidato. Não tem como esconder aquilo”, afirmou.

Quando uma repórter estrangeira comparou o debate às esquetes do grupo humorístico Porta dos Fundos, Soraya concordou: “Você tem razão”. Ela afirmou ainda que costuma criar frases de efeito, mas eventualmente tem o apoio de seu marqueteiro.

A candidata do MDB, Simone Tebet, também criticou o nível do debate e afirmou que, se pareceu mais condescendente com Lula do que com Bolsonaro, isso se deveu às perguntas que fez a ou recebeu deles. “Triste o Brasil que tem que escolher entre os escândalos do mensalão e do petrolão, do governo passado, e do tratoraço e do vacinaço do atual governo. Agora, o atual presidente extrapola qualquer limite. Ele veio com uma pergunta que deveria ser feita ao ex-presidente, covardemente fez para mim e ouviu o que tinha que ouvir”, afirmou, referindo-se à questão sobre a morte de Celso Daniel.

O candidato do PDT, Ciro Gomes, afirmou que Lula e Bolsonaro “amarelaram”. Depois, referiu-se a Bolsonaro. “Pelo menos um deles amarelou feio, que foi o Bolsonaro. Ele teve oportunidade (de fazer pergunta a Lula) e fugiu”.

Para o pedetista, “a fricção entre os dois (Lula e Bolsonaro) só produziu resultados negativos aos dois”. Assim como Simone Tebet, Ciro afirmou acreditar na mudança de voto e nos indecisos para mudar o atual quadro de intenções de voto.

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Os dois principais candidatos que disputam a eleição presidencial, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), respectivamente líder e vice-líder nas pesquisas de intenção de voto, não quiseram conceder entrevista coletiva ao final do debate promovido a partir da noite desta quinta-feira, 29, pela TV Globo.

A emissora estipulou que cada candidato teria cinco minutos para responder perguntas da imprensa que acompanhou o debate nos estúdios da emissora, na zona oeste do Rio, mas apenas os demais cinco candidatos falaram com os repórteres. As entrevistas de Lula e Bolsonaro seriam concedidas por volta das 2h30 desta sexta-feira, 30.

Sem os dois principais protagonistas, a maioria das perguntas aos demais candidatos girou em torno da participação de padre Kelmon, candidato do PTB que ao longo do debate teceu elogios a Bolsonaro e fez severas críticas a Lula, com quem chegou a discutir fora dos microfones.

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Luiz Felipe D’Avila afirmou que ainda acredita numa mudança da intenção de votos. “Foi assim com (o governador mineiro Romeu Zema), ele despontou na última semana e ganhou a eleição (para o governo de Minas Gerais, em 2018)”.