A governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), tomou um susto ontem em pleno ato da agenda positiva que tenta construir com visitas e inaugurações de obras. Desta vez não foi uma denúncia de irregularidade, pedido de impeachment ou tentativa de criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito, como a oposição tem feito nas últimas semanas, mas um quase acidente. A tucana estava discursando na cerimônia de inauguração de uma rodovia estadual em São Valentim, no norte do Estado, quando as tábuas do palanque cederam. Embora perdesse o equilíbrio, Yeda não chegou a cair. Amparada, a governadora saiu do palco no colo de um policial militar e retomou o discurso em terra firme. Prometeu seguir inaugurando estradas desde que nenhuma "hecatombe" aconteça. Como está conseguindo fazer investimentos com recursos do próprio Tesouro estadual, depois de três décadas de déficits orçamentários, o governo gaúcho vem apostando na exibição de suas obras, sobretudo no interior, como antídoto à série de notícias negativas das últimas semanas. O início da construção de dezenas de acessos asfaltados a pequenos municípios e as transferências pontuais de repasses aumentaram a aceitação da administração entre os prefeitos. Por conta disso, alguns deles chegaram a pedir a deputados que evitassem a CPI que a oposição tenta criar, alegando que a investigação paralisaria o Estado. Por enquanto, o requerimento para criação da CPI tem 16 das 19 assinaturas necessárias. A 17ª, do deputado Paulo Azeredo (PDT) é certa, mas os defensores da proposta têm dificuldade para garimpar mais adesões. Três deputados que admitiriam assinar entendem que os fatos apontados até agora são insuficientes para a abertura da comissão. Os demais são contrários. Yeda é suspeita de ter usado recursos de caixa dois da campanha de 2006 para pagar parte de um imóvel de sua propriedade. Em Porto Alegre, a estátua do Laçador, símbolo da cidade e um dos monumentos mais conhecidos do Estado, amanheceu coberta por um pano vermelho sobre o qual estavam inscritas as palavras "impeachment já". A peça foi retirada pela Brigada Militar.
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