A renovação das casas legislativas é um tema controverso. Há quem aposte nela como forma de melhorar o quadro atual, deteriorado por casos de corrupção e clientelismo. Por outro lado, outros estudiosos não acreditam que a simples troca de políticos profissionais por políticos novos ajude a melhorar a representação da população.
Para o cientista político Aldo Fornazieri, a democracia é mais estável quando há baixa renovação, o que intensifica a profissionalização do político. “O político profissional é mais apto para exercer sua função. O parlamentar novo tende a ser menos produtivo, não conhece o funcionamento das casas políticas e prejudica a eficiência”, afirmou.
Apesar de defender uma rotatividade menor nos cargos eleitos, Fornazieri vê nos mandatos contínuos dos parlamentares uma propensão para a corrupção. “Mesmo que seja necessária a continuidade, também não é concebível que um deputado fique 20, 24 anos no mesmo cargo. A reforma política precisa buscar um meio termo.”
O cientista político Murillo de Aragão também recorre à necessidade de reforma política para apontar a maneira de melhorar a atual representatividade política.
“A política é um clube fechado. Somados o desinteresse e o receio da população, essa renovação só vai ficar no discurso”, afirmou o cientista político. Segundo Aragão, é importante acabar com o sistema proporcional “porque favorece os candidatos com mais recursos e famosos, que já têm grande exposição pública”. “É uma distorção da democracia.”
OAB. Tanto Fornazieri quanto Aragão citam as propostas feitas pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), como o fim das coligações partidárias em eleições proporcionais e o limite de mandatos para cargos eletivos. Aldo Fornazieri defende um número máximo de eleições para deputados. “Isso impediria uma renovação excessiva, mas evita esquema de herança familiar”, disse.