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Para petistas, resultado da comissão mostra que oposição não tem votos para aprovar impeachment no plenário

Deputados argumentam que opositores opositores terão dificuldade para aprovar o impedimento no plenário, já que placar do colegiado não representou 2/3 dos votantes

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Foto do author Julia Lindner
Atualização:

BRASÍLIA - Deputados do PT minimizaram nesta segunda-feira, 11, a aprovação do parecer pró-impeachment da presidente Dilma Rousseff na Comissão Especial da Câmara. O documento foi aprovado por 38 votos a favor e 27 contra.

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Em discurso uníssono, petistas argumentaram que os 38 votos conseguidos pela oposição representam menos de 2/3 dos 65 parlamentares que votaram no colegiado, o que indica que opositores terão dificuldade para aprovar o impeachment no plenário.

“O resultado com menos de 2/3 dos membros representa uma derrota para os golpistas que defendem o impeachment”, afirmou o líder do PT na Câmara, deputado Afonso Florense (BA), logo após a votação.

“Foi uma vitória aparente. Eles não conseguiram os 2/3 que vão precisar no plenário”, afirmou o deputado Wadih Damous (PT-RJ), ex-presidente da OAB-RJ. “Hoje eles riram, amanhã eles choram”, emendou o parlamentar.

O deputado Paulo Teixeira (PT-SP), por sua vez, ressaltou que os 27 votos que o governo conseguiu na comissão foi uma importante sinalização, porque mostrou que o governo tem condições de reunir pelo menos 40% dos votos a seu favor.

“Essa proporção não garante o impeachment no plenário”, afirmou Arlindo Chinaglia (PT-SP). Ele previu que, no plenário, será mais fácil para o governo, pois é menos “controlado” do que a comissão especial.

O líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), declarou ao Broadcast Político que a derrota na comissão já era esperada pela presidente Dilma Rousseff. Guimarães demonstrou confiança para a votação do relatório do deputado Jovair Arantes. "É a chamada vitória de Pirro, que não vai a lugar nenhum", disse.

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"Esse resultado não vai se refletir no plenário, até porque se a oposição precisa de dois terços lá, tinha que ter conquistado essa proporção hoje no colegiado", analisou Guimarães. Ele disse que o governo já estava "preparado" e "sabia que perderia" na comissão especial. "Estou seguro que vamos ser vitoriosos no final de semana", disse Guimarães. Sobre as manifestações em frente ao Congresso Nacional, o líder disse não temer e que já há um entendimento geral de que o impeachment é um golpe. "Nós estamos com o povo nas ruas, eles estão acuados."

O petista acredita que um conjunto de fatores recentes estão favorecendo o governo no momento, como a melhoria nos índices de aceitação popular, que oscilou de 10% para 13%, o áudio vazado hoje do vice-presidente Michel Temer e as manifestações de artistas e intelectuais nas ruas do Rio de Janeiro. "Esse áudio do Temer é um escândalo, é algo repugnante, inaceitável. Esse é o Brasil que eles querem entregar, alguém que não tem minimamente predicados para governar o Brasil. O nosso trabalho é mano a mano, é um a um."

Repercussão. Parlamentares contrários ao impeachment também celebraram o resultado e compartilharam da opinião do líder do governo de que era "previsto" por causa da "composição da comissão". O líder da Rede, Alessandro Molon (RJ), disse que os votos ficaram "aquém do que a oposição gostaria", por não assegurar a proporção necessária para aprovação do impeachment em plenário. "O resultado mostra que o processo está indefinido." O líder do PSOL, Ivan Valente (SP) admitiu que o relatório representa uma vantagem para o impeachment, mas não consolidada.

Para o líder do DEM, Pauderney Avelino (AM), "a conta no plenário é outra". "O governo faz uma avaliação equivocada do resultado, parece até que vive em outra realidade. A partir de sexta será a pedra que faltava para o túmulo do governo Agora é água morro abaixo, ninguém segura", comentou . O líder do PSDB, Antonio Imbassahy (BA) acredita que a análise da comissão terá "efeito dominó" no plenário, com a convicção de que os votos de hoje refletem a aprovação do processo na Câmara.

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