PF ganha sistema para se antecipar a fraudadores

Segundo delegado, será possível agir antes que o dinheiro seja desviado

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Por Vannildo Mendes e BRASÍLIA

A Polícia Federal comprou um sistema integrado de inteligência, desenvolvido pela Scotland Yard, que é considerado a mais poderosa arma tecnológica contra fraudes em licitações. Comercializado pela empresa americana Choice Point, o software está sendo introduzido em outros países e o Brasil é o quinto a implantá-lo - os outros são Inglaterra, Estados Unidos, Israel e França. A nova ferramenta anticorrupção vai estrear em março e a PF começou este mês a preparar uma equipe de elite para manuseá-la nas suas diretorias operacionais e em todas as 27 superintendências regionais. O custo total da implantação será de cerca de R$ 10 milhões. O sistema introduz um novo e revolucionário modelo de investigação de licitações públicas, evitando o roubo antes que ele aconteça, segundo explicou o delegado Emmanuel Balduíno de Oliveira, chefe da Divisão de Doutrina Policial, encarregado de disseminar a novidade tecnológica. Será possível reconhecer padrões e, quando eles forem quebrados, enviar para o investigador sinais de irregularidades. A Controladoria-Geral da União (CGU), principal órgão de fiscalização das licitações envolvendo gastos federais em todo o País, será parceira preferencial da Polícia Federal. "Vamos agir antes que o crime aconteça e não mais esperar que as quadrilhas arrombem o cofre", disse o delegado. "Cada vez que o padrão for quebrado em uma licitação, o sistema emitirá um sinal de alerta e nós agiremos." EMENDAS O novo sistema dedicará olhar especial para as emendas de parlamentares, fontes freqüentes de desvio de dinheiro público. Muitas emendas são destinadas a obras licitadas, o que é ilegal. Agora, quando isso ocorrer, a nova ferramenta mandará um sinal de alerta ao investigador. O sistema detectará o número de emendas vinculadas a determinada obra irregular e dará pistas sobre o grau de envolvimento de seu autor. As licitações serão acompanhadas em tempo real em todas as suas fases. Cada movimento alimentará automaticamente o sistema. Qualquer procedimento fora do padrão acionará o alerta. "A idéia é mapear o crime num tempo suficiente para levantar provas do envolvimento de todos os membros da quadrilha, mas antes que ocorra o roubo do dinheiro público", explicou Oliveira. "A ação da PF será mais preventiva e menos reativa." Em 2007, a PF realizou 188 operações especiais, 69 delas dedicadas ao combate à corrupção. Foram mandados para a cadeia mais de 300 servidores públicos de todos os Poderes, incluindo políticos dos diversos partidos, magistrados e dirigentes do Executivo.

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