PGR poupa influenciador argentino indiciado pela PF por live fake sobre urnas; entenda por que

Denúncia de Paulo Gonet contra Bolsonaro e mais 33 pessoas envolvidas na suposta trama do golpe de Estado destacou que alguns dos indiciados pela PF são alvo de outras diligências, o que pode render acusação formal em um segundo momento

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Foto do author Vinícius Valfré
Atualização:

BRASÍLIA - A denúncia oferecida pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais 33 pessoas acusadas de montar uma organização criminosa para tentar um golpe de Estado poupou alguns personagens fortemente ligados ao bolsonarismo, mas que poderão vir a ser denunciados em um segundo momento.

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O influenciador argentino Fernando Cerimedo foi o responsável por transmissões pela internet com informações falsas sobre as urnas eletrônicas. Ele foi usado, segundo a denúncia, para divulgar materiais preparados pela organização criminosa.

Os ataques ao sistema de votação eram uma das frentes da organização liderada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, segundo Gonet, para depor um governo legitimamente eleito.

“Apesar da comprovada divulgação de conteúdos infundados por Fernando Cerimedo, as investigações não esclareceram se este funcionou como vetor de propagação, em busca de engajamento virtual, ou se tinha domínio sobre o projeto doloso da organização criminosa”, destacou o procurador-geral.

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Próximo ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Cerimedo havia sido indiciado pela Polícia Federal em dezembro.

Outro citado no relatório que não foi denunciado é Aparecido Andrade Portela, da reserva do Exército. Conhecido como tenente Portela, é o primeiro suplente da senadora Teresa Cristina (PL-MS). Ele foi apontado pela Polícia Federal como um intermediário entre o governo Bolsonaro e os financiadores de atos antidemocráticos de 8 de Janeiro no Mato Grosso do Sul.

O argentino Fernando Cerimedo e o deputado Eduardo Bolsonaro Foto: @cerimedofernando via Twitter

“A participação de Aparecido Andrade Portela na organização criminosa será objeto de diligências complementares”, frisou Paulo Gonet.

Tenente Portela (PL-MS), da reserva do Exército, com o ex-presidente Jair Bolsonaro Foto: @tenente.portela via Instagram

O outro investigado que poderá ser incluído na lista de denunciados pela PGR é o ex-assessor Tercio Arnaud Tomaz, integrante do chamado “gabinete do ódio” do governo Bolsonaro e um dos auxiliares mais próximos do vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ).

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“As condutas de Tércio Arnaud Tomaz serão analisadas em autos apartados”, disse Gonet.

A denúncia menciona que Arnaud, após uma das lives de Fernando Cerimedo, compartilhou com o então ajudante de ordens de Bolsonaro, coronel Mauro Cid, um link do Google Drive com a íntegra da transmissão realizada pelo argentino.

Tercio Arnaud Tomaz é assessor especial da Presidência Foto: Reprodução/Facebook

“Ouvido em depoimento, Tércio Arnaud Tomaz assumiu ter tido a ‘iniciativa’ de realizar o download da live ‘por receio’ de que a transmissão ‘fosse derrubada’, confirmando o dolo dos denunciados de propagar informações que sabiam ser contrárias à Justiça”, frisou o procurador.

A defesa de Portela diz que a PF agiu “politicamente” ao promover o indiciamento. Fernando Cerimedo afirma que os vídeos que fez não tiveram relação com 8 de Janeiro e que “questionar resultados (das eleições) não pode ser tomado como golpe de Estado”. A reportagem não localizou representantes de Tércio Arnaud.

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