Numa ofensiva para cobrar "isenção" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições municipais de Belo Horizonte, os candidatos a prefeito Leonardo Quintão (PMDB) e Jô Moraes (PCdoB) reuniram-se nesta quarta-feira, 9, em Brasília, com o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro. Na última visita a Minas Gerais, em Itajubá, Lula disse que poderá subir no palanque do candidato a prefeito Márcio Lacerda (PSB), que tem como candidato a vice-prefeito Roberto Carvalho (PT) e é apoiado pelo governador Aécio Neves (PSDB) e pelo prefeito Fernando Pimentel (PT). A manifestação do presidente, ladeado por Aécio e Pimentel, irritou os outros candidatos de partidos aliados ao governo federal. "Nós registramos nossa preocupação, sobretudo para que não se crie um clima de disputa na base de sustentação do governo", disse Jô Moraes, observando a posição anterior de Lula de que não participará de campanhas nas cidades onde a base aliada estiver dividida. "O presidente é presidente de todos", ressaltou. Ela disse que Múcio prometeu levar a Lula as reclamações dela e de Quintão, os dois deputados federais. A indicação do presidente também provocou reações dentro da administração federal. Na semana passada, o vice-presidente José Alencar deixou claro que não pretende participar de atos de campanha na sucessão municipal na capital mineira, lembrando a "recomendação tácita da Presidência da República". O PRB de Alencar coligou-se com o PC do B e indicou o candidato a vice - Cláudio Sampaio. "De certa medida, foi uma forma indireta de fazer cobrança", avaliou Jô Moraes. Mais direto, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, afirmou na segunda-feira que a participação de Lula na campanha de Lacerda seria uma "afronta" ao PMDB e outras legendas aliadas envolvidas na disputa. Costa e o vice-presidente integram um grupo de descontentes com a aliança articulada pelo governador de Minas Gerais e o prefeito de Belo Horizonte. A presença formal dos tucanos na coligação foi vetada pelo Diretório Nacional do PT e a alternativa que restou ao PSDB foi declarar apoio informal. Petistas Ontem, um grupo de cerca de 50 petistas encaminhou ao diretório nacional um documento intitulado Declaração Política, no qual acusam a sigla na capital de ter desobedecido a resolução da direção nacional. No documento, os petistas dissidentes alegam que se sentem "liberados, em consonância com as deliberações nacionais do PT, para agir da melhor forma que contribua para a manutenção e aprofundamento das conquistas" do Poder Executivo federal e das últimas administrações municipais na cidade. Sexta-feira, militantes do PT ligados a movimentos sociais se reunirão com a candidata do PCdoB a prefeito de Belo Horizonte e deverão manifestar apoio informal a ela. "Nós nos sentimos liberados. Eles estão fazendo uma aliança. Falam que é informal, mas é real", afirmou o ex-deputado estadual Rogério Correia. A campanha do candidato do PSB a prefeito de Belo Horizonte será lançada, oficialmente, amanhã. O ato - programado para um teatro do município com capacidade para até 1,2 mil pessoas - contará com a presença de Aécio e Pimentel e será marcado por um "encontro de bandeiras" petistas e tucanas. No sábado, eles participam, ao lado de Lacerda, de uma caminhada na região de Venda Nova. "A intenção do Lacerda é deixar claro o apoio do prefeito e do governador", disse o coordenador-geral da campanha, Mário Assad Júnior.