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Pragmatismo do PSD: análise mostra o que significa a decisão do partido ao apoiar Tarcísio

Ausência de apelo ideológico e baixa adesão partidária do eleitorado produzem resultados que primam por um pragmatismo que confunde muitos

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Por Humberto Dantas
Atualização:

Ausência de apelo ideológico e baixa adesão partidária do eleitorado é algo capaz de produzir resultados que primam por um pragmatismo que confunde muitos e incomoda os mais atentos. Quando a Justiça Eleitoral inventou a verticalização das coligações eleitorais em 2002, abandonada por emenda constitucional em 2010, o hoje Progressistas foi o único grande partido que não participou formalmente das eleições presidenciais em 2002 e 2006 para ficar livre nos Estados. À ocasião, viu-se todo tipo de acordo, consolidando máxima da ciência política de que em países federativos, legendas tendem a comportamentos mais regionais e menos nacionais.

Humberto Dantas: 'Kassab roda o País fechando acordos à luz de leituras regionais'  Foto: Alex Silva/Estadão

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Em 2011 nascia o PSD, com uma tentativa de seu presidente, o então prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, capitalizar a história de Juscelino Kubitschek, de quem ele não é nem sequer um esboço, desoxigenar a oposição a partir do desmonte do DEM e tornar-se governista, caindo no colo de Dilma Rousseff e gozando das benesses de ser “Centrão”. É assim que funciona a legenda que nasceu com documento de princípios à direita, mas que tentou fugir de tal rotulação sob a sentença: “nem de esquerda, nem de centro, tampouco de direita. Para frente”.

Tal espírito está vivo. Kassab roda o País fechando acordos à luz de leituras regionais. Sem chance de ter candidatura própria ao Planalto, que naufragou com a permanência de Eduardo Leite no PSDB e com a falta de visibilidade de Rodrigo Pacheco na presidência do Senado, restou costurar o que “for melhor” em cada Estado. No Ceará, caiu no colo dos Gomes, em Minas Gerais conquistou o PT para a chapa de Alexandre Kalil (PSD). E em São Paulo, depois de vários ensaios, sentou-se ao lado de Tarcísio de Freitas (Republicanos) - o palanque paulista de Bolsonaro. Oferece-se horário eleitoral e boa chapa de deputados. Cobram-se recursos eleitorais e, pós-pleito, a história se repete: procurar o governo de plantão, a despeito de quem seja, e oferecer apoio em torno de trocas tradicionais. É assim a vida de quem só pensa em andar “pra frente”.

Humberto Dantas é cientista político e diretor do Movimento Voto Consciente

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