A diretora-geral do Twitter Brasil, Fiamma Zarife, afirmou nesta quarta-feira, 30, que é preciso trazer ética para o desenvolvimento de algoritmos que alimentam as redes sociais. Segundo a empresária, a solução passaria por diversificar o número de pessoas que atuam na criação dos sistemas e trazer a sociedade civil para o processo.
A fala da diretora-geral vem em um momento em que se discute a criação de produtos automatizados que seguem padrões sexistas.

Exemplos disso são as assistentes sociais Siri (Apple), Alexa (Amazon) e Cortana (Microsoft), todas idealizadas com vozes femininas e projetadas para serem servis, como aponta relatório divulgado em maio pela divisão cultura e científica da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco).
“Os algoritmos são programados por humanos e nós humanos somos falíveis, somos tendenciosos e cheios de bias”, afirmou Zarife. “Precisamos ter muito cuidado de trazer ética para os algoritmos. A gente tem que trazer a sociedade civil, sociólogos, engenheiros e historiadores para não termos algoritmos enviesados”.
Fiamma Zarife foi entrevistada pela editora de inovação do Estado e de Capitu, Carla Miranda, na mesa O Poder da Diversidade do Estadão Summit Brasil – O que é poder?, realizado em São Paulo.
Segundo a empresária, a solução passa por não apenas trazer mais mulheres para as faculdades de engenharia e exatas, como mantê-las até o fim e recebê-las nas empresas em iguais condições de trabalho. Os entraves, segundo ela, leva à alta desistência de mulheres no ramo da tecnologia.
“As mulheres abandonam (a carreira) por inúmeros motivos. Elas saem porque acham que vão ganhar menos, porque vão ser assediadas, porque são tidas como ‘geek’ ou ‘nerd’. Se a gente não mudar essa cultura, a gente não vai mudar esse quadro”, afirma.
À frente das operações do Twitter Brasil desde janeiro de 2017, Zarife ressaltou que tratar de diversidade não é apenas trazer mais mulheres para a equipe — é colocá-las em posições estratégicas e de liderança e reduzir a diferença entre homens e mulheres dentro e no topo das empresas.
Segundo a pesquisa Women In Business 2019, da consultoria norte-americana Grant Thornton, apenas 15% das companhias têm mulheres ocupando cargos na diretoria executiva de empresas. O levantamento ouviu 3500 empresários em 35 países, incluindo o Brasil.
“Se a gente não resolver esse problema, o gap vai aumentar”, afirma a diretora-geral do Twitter.