BRASÍLIA – O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) foi para os Estados Unidos quatro vezes entre a posse do presidente americano, Donald Trump, e o anúncio de que vai se licenciar do mandato na Câmara. Nas viagens ao exterior, Eduardo se apresentou como “perseguido político” e articulou com aliados de Trump a aprovação de um projeto que pode impactar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

A primeira vez que Eduardo foi aos Estados Unidos neste ano foi para representar o pai na posse de Trump, que ocorreu no dia 20 de janeiro. Além do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro também foi para a capital americana, mas os dois não puderam ficar no Capitólio, onde ocorreu a cerimônia. Segundo o parlamentar, por uma “questão protocolar”.
Já em fevereiro, o filho do ex-presidente viajou para os Estados Unidos em três ocasiões. Eduardo compareceu a reuniões com aliados de Trump ao lado do jornalista Paulo Figueiredo Filho, indiciado pela Polícia Federal (PF) no inquérito da tentativa de golpe de Estado, por supostamente incitar militares a aderir a uma ruptura democrática.
Nos encontros, solicitaram que os ajudem a expor uma suposta interferência da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) no resultado das eleições brasileiras de 2022.
Além disso, Eduardo e Paulo Figueiredo pediram que o governo dos Estados Unidos faça “pressão” e não reconheça resultados eleitorais que não sejam “livres, transparentes, auditáveis e que a oposição possa concorrer”. Os dois também querem que o país utilize ferramentas diplomáticas para responsabilizar agentes públicos brasileiros que cometeram “violações de direitos humanos e da democracia no Brasil”.
O filho do ex-presidente também buscou a inclusão de Alexandre de Moraes num projeto da Câmara americana que prevê que autoridades estrangeiras que atuarem contra liberdade de expressão de cidadãos americanos sejam impedidas de entrar nos Estados Unidos ou sejam deportadas.
O nome do ministro não é mencionado no texto da proposta, mas um dos autores, a deputada republicana Maria Elvira Salazar, já criticou as decisões de Moraes e se referiu a ele como “aplicador da censura”.
No X (antigo Twitter), Eduardo Bolsonaro disse que pediu “gentilmente” que Salazar incluísse o ministro do STF no projeto de lei. Segundo ele, o projeto, que ainda tramita no Legislativo americano, “não tardará para virar lei”.
Após uma curta estadia no Brasil entre os dias 25 e 26 de fevereiro, Eduardo Bolsonaro voltou aos Estados Unidos no dia 27, e permanece em território americano até hoje.
Nos últimos dias, o parlamentar costuma publicar vídeos respondendo a reportagens jornalísticas sobre o pai, denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por liderar uma trama golpista após as eleições de 2022.
Ele também concedeu entrevistas a jornais conservadores onde denunciou a “perseguição política” no Brasil e conclamou Trump a agir para impedir a “implementação da censura no País”.
“Trump está ajudando, mesmo se não souber disso. Senhor presidente, eles têm medo de você no Brasil. Eles realmente acreditam que você pode fazer alguma coisa. Alexandre de Moraes, esse ministro maluco do STF, está invadindo a jurisdição dos Estados Unidos”, disse Eduardo Bolsonaro em entrevista ao “One America News” em 21 de fevereiro.
Nesta terça-feira, 18, Eduardo disse que vai se licenciar do cargo de deputado, sem ganhar remuneração como parlamentar, para viver nos Estados Unidos. Segundo ele, a decisão será para que focar em buscas de sanções aos violadores dos direitos humanos”.
Em postagem publicada nas redes sociais, ele diz ser alvo de perseguição, critica Moraes e chama a Polícia Federal de “Gestapo”, polícia secreta da Alemanha nazista.
“Irei me licenciar sem remuneração para que possa me dedicar integralmente e buscar sanções aos violadores de direitos humanos. Aqui, poderei focar em buscar as justas punições que Alexandre de Moraes e a sua Gestapo da Polícia Federal merecem”, disse.
“Hoje está sendo um dia marcante para mim. (Com) o afastamento de um filho, que se afasta mais do que por um momento de patriotismo. (Ele) se afasta para combater algo parecido com o nazifascismo que cada vez mais avança sobre o nosso País”, declarou aos presentes, emocionado.