Quem é Braga Netto, escolhido por Bolsonaro como vice nas eleições 2022

“Pretendo anunciar nos próximos dias o general Braga Netto como vice”, afirmou o presidente neste domingo; general foi ministro chefe da Casa Civil e da Defesa

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Por Manoela Bonaldo
Atualização:

O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou no domingo, 26, que vai anunciar o ex-ministro da Defesa Walter Souza Braga Netto como seu vice na disputa das eleições presidenciais de outubro. A escolha de quem iria compor a chapa ao lado de Bolsonaro estava dividida entre Braga Netto e a ex-ministra da agricultura Tereza Cristina (Progressistas), nome favorito do Centrão.

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“Vocês querem exclusividade ou não? Pretendo anunciar nos próximos dias o general Braga Netto como vice”, disse ele em entrevista ao programa 4 por 4.

Braga Netto, por ser militar e fiel ao projeto bolsonarista, é o favorito do presidente para participar da disputa. Além disso, para Bolsonaro, a escolha do militar é uma espécie de “seguro” para impedir um eventual impeachment, caso seja reeleito.

O general, considerado por aliados um “cumpridor de ordens”, foi ministro da Casa Civil em 2020 e ministro da Defesa em 2021. Ele também comandou a intervenção federal no Rio de Janeiro em 2018. Filiou-se ao partido de Bolsonaro, o PL, em um ato privado, fechado ao público, no dia 28 de março.

O atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), e Walter Braga Netto (PL), devem formar uma 'chapa pura' na disputa das eleições presidenciais em outubro de 2022 Foto: Adriano Machado/Reuters

Nascido em Belo Horizonte, Braga Netto, 65 anos, entrou no Exército em 1974. Recebeu os títulos de Mestre em Operações Militares da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, em 1988, e de Doutor em Aplicações, Planejamento e Estudos Militares do Curso de Altos Estudos da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, em 1994.

Durante sua carreira, foi chefe do Grupo de Observadores Militares das Nações Unidas no Timor Leste, e adido do Exército na Polônia, no Canadá e nos Estados Unidos. Também foi coordenador de defesa de área dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Rio-2016.

Ao longo de sua passagem pelo governo, é lembrado por ameaças às eleições presidenciais, declarações polêmicas de exaltação da ditadura e embates durante a CPI da Covid.

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Ameaça às Eleições

Em julho de 2021, Braga Netto, então ministro da Defesa, condicionou a realização das eleições de 2022 ao voto impresso. O recado, repassado ao presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), foi revelado pelo Estadão.

No mesmo dia, Bolsonaro repetiu publicamente a ameaça: “Ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições”, afirmou o presidente a apoiadores, na entrada do Palácio da Alvorada.

No dia 29 de setembro de 2021, o procurador-geral da República, Augusto Aras, abriu apuração preliminar contra Braga Netto pelas ameaças às eleições. A proposta pela adoção do voto impresso foi derrubada pelo Congresso.

Ditadura Militar

Enquanto chefe do Ministério da Defesa, Walter Souza Braga Netto publicou uma ordem do dia celebrando o golpe de Estado de 31 de março de 1964, que culminou na ditadura militar. Segundo ele, o golpe foi um “marco histórico da evolução política brasileira” e agiu para “restabelecer a ordem e para impedir que um regime totalitário fosse implantado no Brasil”, sem, no entanto, existirem evidências históricas que confirmem as afirmações.

Manifestação do Movimento Estudantil contra a censura imposta pela ditadura militar, meses antes da aprovação do AI-5.  Foto: Arquivo / Estadão

Omissão durante pandemia

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O Tribunal de Contas da União (TCU) recomendou a abertura de um processo, em abril de 2021, para investigar a conduta do general Braga Netto, durante o período que comandou a Casa Civil e coordenou o Comitê de Crise do Governo no combate à Covid-19.

O TCU apontou “graves omissões”, entre elas “não ter contribuído da forma que seria esperada para a preservação de vidas”, aponta o documento acessado pelo Estadão.

Entre as atribuições de Braga Netto, estavam articular e monitorar ações governamentais, bem como assessorar o presidente na pandemia. É exatamente no desempenho dessas atribuições que os auditores identificaram falhas.

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A área técnica entendeu que o comitê de crise omitiu-se diante de temas cruciais, como no monitoramento do consumo de oxigênio, emissão de diagnóstico sobre a segunda onda de contaminação e em projeções sobre a disponibilidade de leitos para pacientes com a covid-19.

Reação após falas de Omar Aziz

O ministério da Defesa acusou o senador Omar Aziz, à época presidente da CPI da Covid e que criticou o “lado podre” das Forças Armadas por envolvimento em “falcatrua” no governo de Jair Bolsonaro, de desrespeitar as Forças Armadas e generalizar esquemas de corrupção.

“As Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano às Instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro”, disse a instituição, em nota.

As investigações da CPI levantaram suspeitas de envolvimento de uma série de oficiais, da ativa e da reserva, em irregularidades durante a pandemia do novo coronavírus. Parte deles foi levada para o Ministério da Saúde durante a gestão do general de Divisão Eduardo Pazuello, ex-ministro alvo da CPI, enquanto outros estariam ligados a tentativas de venda de vacinas ao governo.

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