‘Querem massacrar esse coitadinho de Garanhuns’, diz Lula

Durante seminário promovido pelo PT em Brasília, ex-presidente se defendeu de acusações na Lava jato, desafiou investigadores a provar algum desvio de conduta cometido por ele e afirmou estar ansioso para “falar a verdade”

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Por Vera Rosa e Júlia Lindner

BRASÍLIA - Alvo da Operação Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira, 24, que está sendo “massacrado” dia e noite, desafiou os investigadores a provar algum desvio de conduta cometido por ele e afirmou estar ansioso para “falar a verdade”. 

O ex-presidente discursa em evento da Fundação Perseu Abramo, em Brasília Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

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“Eu não sou de reclamar, mas ninguém aguenta. São quase 18 horas de Jornal Nacional tentando massacrar esse pobre coitadinho que veio de Garanhuns”, afirmou Lula, no seminário “Estratégias para a Economia Brasileira”, promovido pela bancada do PT na Câmara e no Senado. “Está na hora de parar o falatório e mostrar prova. Quero que saibam que estou com muita vontade de brigar e de fazer a boa briga”, afirmou o petista.

Lula disse que ninguém mais do que ele deseja prestar depoimento. Réu em cinco ações penais, sendo três relacionadas à Operação da Lava Jato, o ex-presidente ironizou as denúncias contra ele. “A prova que tem contra mim é um pedágio”, afirmou. Foi uma referência a documentos mostrando que dois carros do Instituto Lula passaram pelo pedágio, entre 2011 a 2013, em direção ao Guarujá. 

“Quero comparecer (ao depoimento) porque é a primeira grande oportunidade que eu não vou ser atacado pelas revistas e televisões. Eu vou ter, de viva voz, o direito de me defender”, afirmou o ex-presidente.

Delações. Quatro dias após Pinheiro ter contado a Moro que Lula pediu a ele, em maio de 2014, para destruir provas sobre pagamento de propinas ao PT, o petista afirmou que os delatores sofrem “pressão” para incriminá-lo. “(Vejam) o que fizeram em cima do Leo... O cara já está condenado a 26 anos. Temos de ter claro como as coisas acontecem. Desse jeito, o cara fala até da mãe.” Recebido no seminário do PT aos gritos de “Lula, guerreiro, do povo brasileiro”, o ex-presidente voltou a recorrer à ironia ao classificar a imprensa como “democrática”. “Eu os amo de coração”, disse ele.

Com discurso de candidato, Lula defendeu a regulamentação da mídia. “Temos que dizer, durante a campanha, algumas verdades que são duras”, insistiu. “Ser candidato para depois dizer que você tem que jantar com os Marinho, almoçar no Estadão? E a (revista) Veja, você vai conversar? Não vou”, disse, arrancando mais aplausos da plateia. “Eles vão ter que aprender que estão lidando com um cidadão diferente, que tem mais honra, mais caráter e é mais honesto do que eles.”

Em 40 minutos de discurso, Lula afirmou que é tratado “pior do que os outros” pela mídia. “Não vou virar as costas para vocês para não verem a quantidade de chibatadas que levei”, afirmou o ex-presidente.

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Candidata à presidência do PT, a líder do partido no Senado, Gleisi Hoffmann (PR), defendeu Lula. “Aqui não tem bandido. Tem pessoas que podem ter errado, mas ninguém é bandido. Não vamos baixar a cabeça”.

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