Lewandowski apresenta versão da PEC da Segurança Pública que inclui guardas municipais

Segundo ministro, revisão visa segurança jurídica para a atuação e drible da sobreposição de atribuições entre os órgãos de segurança

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Por Raisa Toledo

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, apresentou nesta quarta-feira, 26, uma nova versão da proposta de emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública. O texto foi ampliado para incluir as guardas municipais entre os órgãos de segurança pública previstos no Artigo nº 144 da Constituição Federal.

A inclusão formaliza o papel dessas corporações no policiamento ostensivo e comunitário, reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na semana passada. A tese define que as guardas municipais podem exercer ações de segurança urbana, desde que não realizem atividades de investigação criminal.

Ricardo Lewandowski, ministro da Justiça  Foto: Wilton Junior/Estadão

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De acordo com o novo texto, a corporação municipal deve atuar de forma integrada com as polícias civil e militar, sem exercer funções de polícia judiciária – o que foi determinado pela Corte. A PEC destaca a necessidade de regulamentação por meio de legislação municipal e da fiscalização por parte do Ministério Público.

De acordo com o Ministério da Justiça, as mudanças dão maior segurança jurídica para a atuação das guardas e evitam sobreposição de atribuições com as polícias civil e militar, por exemplo. Segundo o ministro, a ampliação do texto da PEC também busca adequar a legislação à recente jurisprudência do STF e às demandas das gestões municipais.

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“Nossa intenção é fortalecer o sistema de segurança pública como um todo, garantindo que as guardas municipais tenham seu papel formalizado na Constituição sem comprometer a autonomia dos entes federados”, disse Lewandowski em comunicado da pasta.

A PEC da Segurança Pública faz parte da lista de prioridades do governo Lula para este ano, mas, na avaliação da cúpula da gestão, pode não passar no Congresso.

Após meses de discussão com os governadores e de ajustes na proposta, o texto foi enviado para a Casa Civil. Embora Lewandowski tenha dito publicamente que gostaria de enviá-la ao Legislativo ainda no primeiro semestre, ainda não há data marcada para o projeto deixar a pasta. Mais cedo, também nesta quarta, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que o governo deve fazer o envio ao Congresso logo após o Carnaval.

Na semana passada, ao falar sobre a violência nos Estados brasileiros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que a aprovação do projeto é agora responsabilidade do Congresso.

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“A Constituição afirma categoricamente que a segurança é um problema dos Estados. O que estamos fazendo agora para o governo federal participar ativamente? A PEC foi discutida com todos os governadores e pretendemos mandá-la para definir claramente o papel da União na segurança pública”, disse o presidente.

Segundo Lula, se as Casas trabalharem rapidamente, a proposta pode ser aprovada, mas, se não trabalharem, “não vai acontecer”. A PEC é vista como um aceno ao eleitorado mais conservador, acerca de um tema que a esquerda tem dificuldade histórica de capitalizar.

Ela foi elaborada depois que o governo constatou que problemas na área da segurança estavam prejudicando a popularidade do presidente. O cálculo da gestão é que ao menos enviar para análise dos parlamentares uma proposta sobre segurança pública pode ajudar na disputa da opinião pública.

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