A Roche Vitaminas Brasil, subsidiária integral da multinacional farmacêutica suíça Roche, está investindo US$ 6 milhões na construção de uma nova fábrica de pré-misturas de micronutrientes (formulação de vitaminas) para nutrição e saúde humana, no bairro do Jaguaré (zona oeste da capital paulista). A construção da unidade de 3.800 m², com capacidade instalada para formulação de 2.800 toneladas por ano, foi iniciada em janeiro. As operações da nova indústria começarão em janeiro de 2003. "Com novas tecnologias de processo e controle, aumento da eficiência e maior capacidade instalada poderemos oferecer ao mercado mais e melhores matrizes nutricionais", explica o diretor de Nutrição e Saúde Humana da Roche Vitaminas Brasil, Jaime Piza. Segundo ele, a antiga unidade, cuja capacidade para 1.200 t/ano vem sendo ocupada a 100% para atender a demanda brasileira e outros países do Mercosul, será desativada. Parte do valor investido foi financiada por uma instituição de crédito estrangeira. E outra parcela, cujo valor não é revelado pela direção da empresa, foi desembolsada pela própria Roche Vitaminas. Alimentos enriquecidos Em apenas meio século, o mundo descobriu toda a família de vitaminas existentes: são apenas 13. A evolução, portanto, não se dá mais em pesquisas e descobertas. Quem responde pelo sucesso do grupo das 13 hoje é o mercado dos mais diversos tipos de produtos, entre os quais o de alimentos. Do faturamento de US$ 350 milhões da Roche Vitaminas na América Latina, entre 30% e 33% provêm das vendas de insumos para consumo humano, seja em alimentos, suplementos dietéticos ou em cosméticos. A maior parte, portanto, ainda é faturada na área de nutrição animal. Dessa fatia, 13% devem-se às vendas de misturas para enriquecer alimentos do tipo commodities. Outros 28% ficam por conta do fornecimento de vitaminas para agregar valor a alimentos de marca. E os demais 59% do desempenho são faturados na venda de vitaminas puras, carotenóides (corantes naturais), acidulantes e outros insumos para as industrias farmacêutica e de cosméticos. "Entre si, as vitaminas não se parecem nem aparentam algo em comum. Mas a falta de qualquer uma delas no organismo representa deficiência no processo metabólico, o que pode gerar doenças e até a morte", define Piza. Ele frisa que os princípios ativos produzidos pela Roche Vitaminas são encontrados na natureza e destinam-se à prevenção, tanto das deficiências nutricionais como de enfermidades crônicas. Alimentos enriquecidos Os alimentos adicionados de vitaminas podem ajudar a conter as deficiências nurtricionais do organismo. Muitos países no mundo adicionam as vitaminas B-1, B-2, a Niacina, o Ácido fólico, e o ferro na farinha de trigo. Isso, porque a moagem do grão faz com que o produto perca cerca de 70% desses nutrientes, encontrados naturalmente no trigo. No Brasil, há estudos sobre a fortificação de alimentos básicos, mas a liberação depende do governo. Nos Estados Unidos, o enriquecimento da farinha de trigo foi adotado legalmente em 1943. No México, a farinha de milho e a de trigo para a produção de tortilhas e pães é enriquecida com vitaminas do complexo B, com ácido fólico e ferro. Na Venezuela, as farinhas também contêm vitamina A. Na Guatemala, Honduras, El Salvador, Nicarágua, Costa Rica e Nigéria, o açúcar leva vitamina A à população, desde os anos 70. "O Brasil, entretanto, ainda está em uma fase anterior, analisando possibilidades de enriquecimento de alimentos básicos", aponta Jaime Piza. Segundo ele, pelos baixos níveis a serem adicionados, os ingredientes misturados à farinha não alteram o sabor do produto, não o encarecem nem causam hipervitaminose. Está em estudo um projeto para adição de ferro e vitaminas às farinhas de milho e de trigo no Brasil. Mercado A venda de vitaminas para adição direta em alimentos do tipo commodity, como arroz, açúcar, farinhas de trigo e milho, representa 13% do total faturado pela Roche Vitaminas, na América Latina. Poderia ser muito maior. Mas enquanto isso não acontece, a empresa vai apostando em pesquisas para a indústria de alimentos de alto valor agregado. A Roche Vitaminas também pesquisa outros ingredientes nutricionais, além das vitaminas. E mantém convênios para o desenvolvimento de aplicações em alimentos com multinacionais do ramo nos Estados Unidos, Europa e Japão. Outra forma de turbinar os alimentos é por meio da pesquisa em transgênicos. A Roche Vitaminas não está nessa seara. Ao contrário, poderá competir indiretamente com esse mercado no futuro. É que já é possível plantar arroz com maior teor de vitamina A, a partir do alto conteúdo de Betacaroteno gerado pela modificação da carga genética da planta. Leia mais sobre o setores de Alimentos e de Química no AE Setorial, o serviço da Agência Estado voltado para o segmento empresarial.